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Professor tira sustento de projeto de exibições no farol

Trajado como Sub-Zero, personagem do Mortal Kombat, instrutor Toty se exibe e mantém aulas de taekwondo e outras artes marciais em Mauá

Dérek Bittencourt
do Diário do Grande ABC
20/07/2020 | 07:03
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Denis Maciel/DGABC


Quem trafega pela Avenida dos Estados no sentido São Paulo, próximo ao Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), com certeza já viu Cosmo William Pereira. Possivelmente pelo nome não o reconheça mas, sim, por suas performances no semáforo, inicialmente trajado como um ninja (junto de amigo personalizado da mesma forma) e, posteriormente, vestido como o personagem Sub-Zero, do jogo de videogame Mortal Kombat – enquanto o colega se vestia como Scorpion. Por baixo daquela fantasia está um homem que dedica sua vida a ensinar artes marciais desde 1996 e, daquele dinheiro do farol, ele sustenta projeto em Mauá chamado Taekwondo em Ação.

“Iniciei nas artes marciais com um vizinho, Osmar, através do kung fu. Foi daí que veio a paixão por Bruce Lee e o nunchaku (arma característica formada por dois bastões unidos por uma corrente ou corda, usada em suas apresentações). Em 1993 me apaixonei pelo taekwondo e comecei com o professor João Flávio, em São Caetano. E a ideia de se apresentar (no semáforo) veio de aluno. Eu estava passando por dificuldade na academia, com pendência do aluguel e um amigo, Altamir, incentivou. Me deu a roupa e fomos. Foi sucesso. Conseguimos pagar as contas e ainda reformar a academia”, contou.

Cosmo, porém, vê contados seus dias de apresentação no semáforo – que estão ainda mais difíceis por causa da pandemia. “O pessoal está cismado em abrir o vidro. (Trabalhar no) Farol é gostoso, divertido, gratificante, mas cansativo, desgasta muito. Já estou com 44 anos, então a ideia é desenvolver esse trabalho, passar os valores das artes marciais a crianças e adolescentes”, declarou.

Entre as situações vividas nas exibições em frente aos carros, Sub-Zero se recorda das marcantes. “Quando pedia doação e pessoa dizia que não tinha dinheiro ou fechava a cara, eu tirava a máscara e dizia que mais valia sorriso no rosto do que centavo no bolso. Uma vez falei isso, moça sorriu, fez a volta e me ofereceu R$ 50, agradecendo por ter alegrado seu dia. Outra vez, era fim de ano, rapaz deu nota de R$ 100 ao Scorpion, que achou que havia se enganado com a de R$ 2. Mas o rapaz disse que passou pela gente o ano todo, via como a gente ralava e quis valorizar nosso trabalho”, recordou. “Pessoal às vezes xinga, manda procurar emprego e não sabe o quão duro é ficar ali, com aquela roupa sob sol quente.”

Antes da pandemia, Cosmo, que é conhecido pelos alunos como professor Toty (campeão paulista de taekwondo em 2013 e brasileiro, em 2010), tinha aproximadamente 150 alunos, a quem oferecia aulas gratuitas de taekwondo no CT Dragões do ABC, em Mauá – os adultos que praticam, pagam as aulas, até para ajudar no custeio dos mais jovens.

Na semana passada, com a flexibilização da quarentena, as aulas foram retomadas e Toty vem expandindo seus ensinamentos, ofertando boxe, capoeira e kickboxing, além do taekwondo e do muay thai.  




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