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Casos de sífilis têm aumento de 34,30%

Na região, seis das sete cidades somaram 2.063
registros em 2016 ante 1.536 no ano anterior

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
30/04/2017 | 07:24
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Ricardo Trida/DGABC


Os últimos dias foram marcados pela Semana Paulista de Mobilização contra a Sífilis. O atual cenário exige a intensificação do debate sobre a prevenção desta DST (Doença Sexualmente Transmissível). No Grande ABC, os casos de sífilis – incluindo gestantes e congênitos (quando a doença é transmitida da mãe para o bebê) – tiveram aumento de 34,30% na comparação entre 2015 e 2016, em seis das sete cidades (exceto São Caetano, que não retornou as informações), passando de 1.536 registros para 2.063.

São Bernardo é a cidade da região que apresenta maior número de casos (foi de 607 para 716), seguida por Santo André ( 313 para 518), Diadema (323 para 432), Mauá (232 para 304), Ribeirão Pires (52 para 70) e Rio Grande da Serra (nove para 23).

Os casos dos três primeiros meses deste ano também já superaram o mesmo período do ano passado. Santo André, São Bernardo e Ribeirão Pires somaram 291 ocorrências no trimestre de 2017 contra 264 registrados no mesmo período de 2016. Rio Grande da Serra não apresentou casos à época, e Mauá informou apenas dado mais recente: 88 registros.

A situação de alerta é vista Brasil afora, tanto que, em outubro do ano passado, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu que o País vive epidemia de sífilis. “(O aumento de casos da doença venérea) Significa que as pessoas deixaram de usar preservativo e, provavelmente, aumentou também a incidência de outras doenças, inclusive a Aids. Tem de haver uma reeducação”, salienta o clínico e infectologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Paulo Olzon.

A doença é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. O especialista explica que a sífilis é dividida em três fases. “A primária tem lesões, chamadas de cancro duro, uma verruga dura e indolor, geralmente localizadas nos genitais. Na mulher, muitas vezes elas são internas e imperceptíveis. Essa lesão desaparece no prazo de uma a duas semanas”, fala.

“Mais ou menos depois de um mês tem a chamada sífilis secundária, caracterizada por febre, aumento de gânglios na região do pescoço e resto do corpo, e palma da mão avermelhada. Essa segunda fase, com ou sem tratamento, some em algumas semanas”, explica Olzon.

Já a terceira etapa pode surgir décadas depois da primeira infecção. “Pode ser 10, 20, 30 anos depois e provocar diversos problemas, como cegueira e degeneração cerebral, além de atingir a parede dos vasos, aneurismas e quadros psiquiátricos, dependendo do comprometimento cerebral”, ressalta o médico.

O teste rápido de sífilis está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde), com leitura do resultado em, no máximo, trinta minutos.

Doença congênita é quadro grave

Em 2016, 175 casos de sífilis congênita (transmitida de mãe para criança durante a gestação) foram registrados em cinco cidades (Santo André, São Bernardo, Diadema, Mauá e Rio Grande da Serra), três a mais do que em 2015. Em Ribeirão Pires, a Prefeitura disse que, no período de um ano, foram notificados sete casos, porém, não há confirmação de diagnóstico. São Caetano não forneceu dados referentes à doença.

“O quadro pode apresentar lesões na pele da criança, na palma da mão, planta do pé, gerar má-formação nos ossos, alterações no cérebro e na arcada dentária, atingir fígado, baço, enfim, é um quadro de gravidade”, destaca Paulo Olzon, clínico e infectologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) .

É importante fazer o teste para sífilis durante o pré-natal. Quando detectada a doença, o tratamento precisa ser iniciado o mais rapidamente possível, com a aplicação de penicilina benzatina, pois é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical (de mãe para filho). O parceiro sexual também deverá ser testado e tratado para evitar a reinfecção da gestante. 




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