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Mais da metade de estupros na região é contra vulneráveis

Entre 40 e 64 crimes registrados entre janeiro e fevereiro deste ano afetam pessoas sem defesa

Por Yara Ferraz
09/04/2017 | 07:00
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Divulgação


 Mais da metade dos estupros registrados no Grande ABC, nos dois primeiros meses deste ano, foi contra pessoas consideradas vulneráveis, ou seja, menores de 14 anos, deficientes ou aquelas que não têm condições ou perdem reflexo (em decorrências do uso de bebida ou de droga, por exemplo) para se defender.

A triste realidade tem como base números divulgados pela SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado. Entre janeiro e fevereiro foram 64 registros nas sete cidades, dos quais 40 envolvendo vítimas incapazes de reagir ao crime.

A separação dos dados começou a ser feita pelo governo estadual na divulgação mensal dos índices de criminalidade, em janeiro deste ano. Anteriormente, havia apenas a classificação do crime estupro. O intuito da Pasta com o detalhamento é justamente o aperfeiçoamento e a transparência para melhor leitura dos casos.

Ao considerar apenas o crime, o número de estupros na região teve alta em relação ao mesmo período do ano passado: houve salto de 56 para 64 casos, totalizando aumento de 14,29%. Os estupros de vulneráveis também já demonstram aumento. Em janeiro eram 18 casos contra 22 de fevereiro, ou seja, aumento de 22,22%.

Para as delegadas da mulher da região, este número não é surpresa, já que, no dia a dia, a maioria dos casos envolvendo vítimas vulneráveis costuma ocorrer dentro de casa. “Infelizmente, isso acontece com crianças que sofrem atos libidinosos de pais, padrastos e tios”, afirmou a delegada da mulher de Santo André, Adrianne Mayer Bontempi.

“De cada 20 estupros registrados, apenas um é estupro simples”, completou a delegada titular da delegacia da mulher de Diadema, Renata Cruppi de Andrade.A principal diferença entre o estupro comum e o de vulnerável é que a vítima ainda não alcançou idade suficiente para entender o que aconteceu com ela ou mesmo não tem condições de se defender.

"A forma da abordagem acaba sendo diferente. Porque tudo é feito de maneira mais minuciosa. Quando a vítima é maior de idade é mais fácil a questão da conversa, e os laudos são menos complexos. Porém, em ambos os casos, pedimos laudos do IML (Instituto Médico Legal)”, explicou Renata.

Também há diferença considerável em relação à pena para o culpado do crime. Para o estupro de vulnerável, a pena varia entre oito e 15 anos. Já em relação ao estupro comum, a reclusão é de seis a dez anos de cadeia.

Na opinião de Adrianne, o trauma para as vítimas é muito grande, especialmente quando chegam a pedir ajuda. Por isso, o primordial é afastar a criança, se for o caso, do agressor. “Elas chegam muito fragilizadas, com muito medo e autoestima baixa. Muitas se sentem culpadas e, por isso, têm dificuldades de narrar os fatos. A conversa é cuidadosa. A criança é retirada de forma imediata do convívio do agressor. A guarda provisória pode ser dada a um parente próximo ou até mesmo ao Conselho Tutelar. Assim que é feito o registro, a gente aciona para a criança receba acompanhamento necessário”, explicou.

A delegada de Diadema afirmou ser crucial um olhar humanizado para o caso. “Temos de reduzir a dor desta vítima para que ela não perceba que estamos tocando neste assunto. A gente fortalece a criança e, de forma lúdica, trabalhamos a questão do depoimento”, contou.

AUMENTO DE CASOS
Para as delegadas, o crescimento dos números representa aumento nas notificações, ou seja, mais vítimas que chegam a denunciar os casos. “Ainda mais estes estupros de vulnerável. São coisas que sempre ocorreram. Hoje, no entanto, as pessoas se sentem mais seguras em pedir ajuda”, avalia Adrianne.




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