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Estevao diz que encontrou Tuma e Lalau jantando em Brasília
Do Diário OnLine
18/07/2000 | 01:53
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O senador cassado Luiz Estevao disse na madrugada desta terça, em entrevista ao Programa do Jô, na Rede Globo, que encontrou o senador Romeu Tuma (PFL-SP) e o juiz Nicolau dos Santos Neto, o Lalau, jantando juntos em Brasília. "Eu os vi em um restaurante de Brasília, alguns anos depois da concorrência para a construçao do prédio do Fórum Criminal de Sao Paulo. Eu me levantei e fui cumprimentar o senador, que quis me apresentar o juiz Nicolau", contou Estevao. "Eu tinha encontrado o juiz apenas uma vez antes disso, e discutimos na ocasiao porque eu questionei o resultado da licitaçao. Mas nosso segundo encontro foi muito educado". O Grupo OK, de propriedade do ex-senador, perdeu a concorrência para a Construtora Incal.

Tuma, que é candidato à Prefeitura de Sao Paulo, nega que tenha um relacionamento de amizade com Lalau. Ele diz que os contatos com o juiz sempre foram 'distantes'. Na fita que registra uma conversa entre Lalau e um interlocutor identificado como 'Outro', o juiz menciona que Tuma pediu várias indicaçoes para o Judiciário. A existência da fita foi revelada na quinta-feira da semana passada pela revista IstoÉ.

Estevao usou boa parte da entrevista a Jô Soares para negar relaçoes com o juiz Nicolau dos Santos Neto. A CPI do Judiciário encontrou 68 ligaçoes telefônicas entre o entao senador e o juiz, hoje foragido. "Dessas 68 ligaçoes, apenas quatro tinham mais de um minuto, e todas foram feitas em ocasioes especiais, como véspera de Natal, meu aniversário, minha eleiçao como senador e o seqüestro de minha filha", defendeu-se Estevao. "Ninguém liga no Natal para falar sobre tranbicagem".

O ex-senador afirmou ainda que o dinheiro que a CPI rastreou entre a Incal e o Grupo OK é legal. "Foram R$ 34 milhoes em um período de oito anos, o que representa 2,5% do faturamento do grupo. E sao pagamentos referentes a vários negócios, todos comprovados, e nenhum relacionado ao Fórum. A CPI diz que foram mais de R$ 60 milhoes, mas nao há fundamento nisso", disse Estevao. "Negócios corretos sao feitos com cheques registrados e contabilizados. E foram sempre nesses moldes as transferências da Incal para o OK".

O ex-senador acha estranho que tenham se apegado às transferências entre os dois grupos, sendo que "mais de R$ 100 milhoes estao por aí, voando". Ele defendeu a apuraçao das irregularidades na construçao do prédio do Fórum e a puniçao dos envolvidos. "O que estava fazendo o Tribunal de Contas da Uniao ao nao investigar o que estava acontecendo sendo que havia indícios de irregularidades desde 1995? Por que o TST permitiu que mais de R$ 200 milhoes fossem repassados para a construçao, que já estava sob suspeita? E a Comissao de Orçamento do Congresso? Se nao houve má-fé dos envolvidos nesses processos, houve pelo menos negligência".

Estevao sustentou que foi um bode expiatório. "Muita gente que posa de xerife da moralidade achou que tinha encontrado um bode expiatório. Eles pensaram: 'vamos jogar o Estevao no precipício da cassaçao e com ele todas as irregularidades'. Mas eu vou provar que meus negócios sao legais".

Prisao - Jô Soares começou a entrevista provocando o ex-senador. "Você está muito bem, Luiz. Aparenta ser jovem. Quantos anos tem?", perguntou o apresentador. Ao saber que o ex-senador tem 51, Jô afirmou: "você está bem, apesar de sua longa estadia na cadeia".

No meio da entrevista, ao fazer referência à fita revelada pela IstoÉ, Jô aproximou-se de Estevao e perguntou: "quem será esse Outro, hein, Luiz?". "Também nao sei, Jô", respondeu, sorrindo, o ex-senador. "Droga, tentei pegar você desprevenido", disse Jô, referindo-se à suspeita, publicada pelo jornal O Globo, de que a gravaçao da fita foi encomendada por Estevao e realizada por Fábio Simao, seu assessor.




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