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Há quem acredite que a Terra é plana

Levantamento nacional revela opinião dos brasileiros sobre a inusitada teoria

Tauana Marin
Diário do Grande ABC
01/09/2019 | 07:00
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Pixabay


A afirmação de a Terra ser redonda parece simples e faz parte da grade curricular das aulas de ciências do ensino fundamental, mas não é óbvia para todo mundo. Nos últimos anos, a estranha teoria de que, na verdade, nosso planeta fosse plano se espalhou pela internet e começou a ser discutida fora do universo on-line. Entre dúvidas sobre fatos científicos e fake news, há quem acredite que a informação seja real.

Segundo pesquisa recente do Instituto Datafolha, cerca de 7% da população brasileira (algo em torno de 11 milhões de pessoas) se mostraram crédulos sobre o novo formato da Terra. Outros 89% afirmam que moramos em um planeta redondo e 4% dizem não saber ao certo sobre o assunto. Foram ouvidas 2.086 pessoas maiores de 16 anos em 103 cidades. Vale ressaltar que, mesmo com diversos textos, vídeos e discussões, não há nenhuma evidência científica a favor do terraplanismo.

O levantamento ainda mostra que os setores da população que mais acreditam na bizarra possibilidade são adultos acima de 60 anos (11%), os católicos (8%), pessoas com ensino fundamental (10%) e quem ganham até 2,5 salários mínimos (8%).

O violinista e professor de música Fabio da Silva Britto, 22 anos, de Santo André, já pesquisou muito sobre o assunto. Para ele, os terraplanistas têm outra forma de explicar, por exemplo, os fenômenos da gravidade. “Esse novo sistema criado por eles faz sentido e encontram, sim, bons fundamentos”, diz.

Ele explica que, apesar de serem convincentes, a curvatura da Terra no horizonte e a sombra projetada na Lua no eclipse lunar são razões que desmentem a linha de pensamento. “Se a Terra fosse plana, a sombra dela na Lua seria projetada num formato oval, numa linha reta e circular, dependendo da perspectiva do Sol em relação ao planeta. Mas a sombra sempre é projetada convexa, circular”, explica o rapaz, lembrando seus estudos sobre o assunto.

O tema também foi roteiro para documentário na Netflix, intitulado de A Terra é Plana. Apesar de ser de fácil entendimento para os não familiarizados, a produção tenta equilibrar as visões de quem acredita nessa teoria e de quem não. Por outro lado, aqueles que se divertem com a discussão poderão ter acesso ao extenso mundo dos terraplanistas.

O protagonista da produção é Mark Sargent, 49 anos, um dos grandes defensores da teoria. Ele grava vídeos expondo as ideias – sem quaisquer bases científicas – de que o governo, a CIA (Agência Central de Inteligência) e a ciência mentem e distorcem fatos e dados.

Questões da gravidade e progressões cartográficas levam essa teoria ao chão. Luiz Fernando Borsoi, professor de arquitetura, cartografia, topografia, geoprocessamento e de geografia do Colégio Universitário USCS (Universidade Municipal de São Caetano) conta que a teoria foi derrubada no passado pelos portugueses que navegavam com objetivo de chegar às Índias. “Antes mesmo de descobrirem as Américas, até o século XV, os navegadores viram que a Terra era redonda, que não caiam quando chegavam aos seus extremos. Hoje, uma maneira muito simples de desmistificar a teoria é ver qualquer imagem de satélite ao vivo”, afirma Borsoi, ressaltando que nenhum de seus alunos defende a ideia. 




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