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Soros: O real está excessivamente desvalorizado
Por Do Diário do Grande ABC
01/02/1999 | 11:40
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O financista norte-americano George Soros afirmou nesta segunda-feira em Davos que o real brasileiro está atualmente ``excessivamente desvalorizado', depois de sua anterior ``supervalorizaçao', e propôs uma ajuda do setor privado para o país latino-ameicano.

O financista assinalou ainda que o pacote de US$ 41 bilhoes prometido e entregue parcialmente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) ao Brasil é insuficiente, embora nao tenha se pronunciado sobre quanto deveria ser aumentado.

``Nao acho que se precise de muito mais parea manter a situaçao', disse Soros ao ser perguntado sobre uma quantia exata.

O FMI, com seu vice-diretor Stanlley Fischer à frente, está desde este último final de semana negociando em Brasília com o Governo brasileiro as medidas financeiras que devem ser adotadas em conjunto para resolver a atual situaçao.

Soros se manifestou em termos vagos em favor de uma ajuda financeira do setor privado ao Brasil, levando-se em conta, assinalou, que ``40% do setor bancário brasileiro está em maos estrangeiras'.

A possibilidade de criar um conselho monetário para estabilizar a pressao contra a moeda brasileira ``é uma possibilidade a longo prazo', disse Soros. ``Por ora, as condiçoes nao sao propícias', acrescentou. ``Foi uma decisao desastrosa porque reforçou a pressao sobre a moeda', assinalou depois o ``mago' das finanças internacionais ao ser indagado sobre o aumento dos tipos de juros decretado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso para frear a sangria de capitais estrangeiros. ``Nao existe um sistema de câmbio perfeito. É como o casamento: a alternativa sempre parece melhor', assinalou Soros. Em todo caso, assinalou Soros, ``agora é preciso um muro de dinheiro que estabilize a situaçao porque todas as pré-condiçoes estao ali', em referência à bateria de medidas de reduçao fiscal aprovadas pelo parlamento brasileiro. Soros também recomendou ao governo brasileiro que, enquanto puder, ``peça emprestado a curto prazo em dólares', já que o real está em baixa mínima. Ontem, o vice-diretor do FMI, Stanley Fischer, que deve ir hoje à Brasília para participar nas negociaçoes, indicou, em Davos, que a desvaliorizaçao do real foi ``inquestionavelmente muito longe', e que se o Brasil tomar ``medidas como as das últimas semanas', o fim da crise nao está longe. O real ultrapassou na sexta-feira passda a barreira psicológica dos dois reais por dólar, o que levou Soros a pedir, em Davos, a colaboraçao do setor privado para frear a sangria de capital estrangeiro. O financista internacional, que regularmente solicita - através de livros e artigos -, a reforma das instituiçoes internacionais, é partidário de criar, tendo como base o FMI e o Banco Mundial, uma espécie de ``superbanco', que, com a desvalorizaçao da situaçao de cada país (ao estilo das agências de classificaçao como a Moody's), conceda créditos e ajudas. ``Seria útil ter um elemento futuro de empréstimo público e privado', mediante os fundos do G7, ``e que abriria de novo o mercado brasileiro para o investimento estrangeiro'. ``Nao se pode forçar os bancos, mas acho que 40% do sistema bancário brasileiro está em maos estrangeiras, dessa forma esses bancos certamente têm interesse no Brasil; trata-se de um interesse coletivo', disse Soros. Soros assinalou que o governo brasileiro deverá colaborar para que os bancos voltem ao mercado. ``Tem de valer a pena, tem de ser benéfico para os bancos', afirmou Soros.




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