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Projeto une Bethânia e Paulo César Pinheiro
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08/11/2010 | 07:38
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No show Amor Festa Devoção, que sai agora em CD duplo e DVD, pela Biscoito Fino, Maria Bethânia diz no texto que introduz um bloco de modas de viola: "Gosto de cantar o Brasil caboclo como se fosse uma prece, para que ele resista apesar da mão do progresso vazio que insiste em dizimá-lo". Coincidentemente, parte da resistência desse Brasil está na obra de Paulo César Pinheiro.

Não é por acaso que a cantora e o compositor mais produtivos da música brasileira convergem em mais uma significativa colaboração. Bethânia, apelidada de abelha rainha, está lançando por seu selo Quitanda o álbum Capoeira de Besouro, com 14 canções compostas por Pinheiro para a peça Besouro Cordão-de-Ouro, sua estreia no teatro. Nomes associados a dois insetos polinizadores, eles vão criando mais vínculos e trabalhando para preservar as espécies nativas. 

Besouro Mangangá é o apelido de um mito baiano, lendário capoeirista, cantor e compositor.

Na tarde de sexta (05) a cantora e o compositor concederam entrevista na sede da gravadora, seguida de uma roda de capoeira e outra de samba, com a presença de amigos de Bethânia.

"Em 42 anos de profissão nunca fiz entrevista coletiva", brincou Pinheiro, ao lado de Bethânia, diante de diversos jornalistas. 

"A Quitanda foi premiada por ele e por Luciana Rabello (mulher de Pinheiro e produtora do disco), com esse trabalho", diz Bethânia. "É a cara da Quitanda, que é um pouco pra isso, pra esse Brasil caboclo, para esse Brasil menos urbano, menos sofisticado, mais quieto, mais pensativo, é o interior. O trabalho de Paulo tem uma outra coisa em cima de tudo isso, uma sofisticação poética, uma visão que ele tem muito superior. O que eu faço é pequenininho, é santamarense, não passa muito disso. Paulo fez um trabalho sobre a capoeira, primeiro pra teatro e agora pra CD. Não ficou um disco careta, pra pesquisador, pra estudioso. Pra mim é um disco quente, caloroso, amoroso. É verdadeiro."

Bethânia tem planos de relançar pela Quitanda o álbum Santo e Orixá, com 14 canções inéditas de Pinheiro, cantadas por Glória Bomfim, uma baiana que trabalha como cozinheira do compositor e deu o ar da graça na roda de samba da sexta-feira. Cantado em grande escala por Bethânia nos trabalhos mais recentes, o conterrâneo Roque Ferreira - parceiro de Pinheiro que teve a primeira canção gravada por Clara Nunes em 1979 - também deve ter o tão aguardado segundo álbum lançado pelo selo Quitanda.




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