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Nova técnica garante sobrevida a portador de câncer no fígado
Por Do Diário do Grande ABC
11/10/1999 | 14:39
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Uma nova técnica cirúrgica poderá dar sobrevida a portadores de câncer do fígado, uma doença até entao tida como terminal. A primeira experiência foi realizada há três semanas, com sucesso, pelo médico francês Henri Bismuth. Neste domingo, ele contou sua experiência no XV Congresso Brasileiro de Hepatologia, que acontece na cidade. A técnica, porém, ainda nao tem previsao de ser utilizada no Brasil.

Segundo Bismuth, a nova cirurgia vai permitir que o tempo de espera na fila por um doador de fígado seja reduzido em 10%, na França. "Isso parece pouco", observou. "Mas com a falta crônica de doadores, no mudo todo, já é alguma coisa".

A técnica criada por Bismuth é, na verdade, uma conjugaçao de duas outras também desenvolvidas por ele. O que o médico descobriu é que é possível utilizar fígado de pessoas doentes para ajudar pacientes terminais. Os doentes, no caso, sao os portadores de paraminoidose, uma doença genética provocada pelo fígado que passa a produzir o amilóide.

Essa substância provoca destruiçao do sistema nervoso e do sistema digestivo, além de atrofiar os pés. Quando o doente de paraminoidose recebe um fígado novo, o seu nao ais inutilizado. Ao contrário, é duplicado e pode ser transplantado em duas pessoas que sofrem de câncer do fígado. "Quando uma pessoa descobre que tem câncer no fígado, morre em no máximo seis meses", explicou o médico. "Com o fígado da pessoa doente vai desenvolver a paraminoidose, mas em 15 anos", continuou. "Isso lhe dá uma sobrevida que lhe permite aguardar na fila por um fígado bom para realizar uma segunda operaçao".

O chefe do Serviço de Transplantes de Fígado da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Joaquim Ribeiro Filho, informou que essa nova cirurgia pode ser realizada "em breve" no Brasil, mas nao há uma previsao para isso.

"Assim que aparecer na fila de operaçao um portador de paraminoidose poderemos fazer a experiência", explicou Ribeiro Filho. "Mas nao é possível prever quando isso vai acontecer". Na UFRJ, 180 pacientes com paraminoidose estao sob acompanhamento médico.

Atualmente, existem 3 mil pessoas, no Brasil, à espera de uma doaçao de fígado. Cada uma delas espera de seis meses a um ano para realizar a operaçao. O custo dessa cirugia é praticamente o mesmo da convencional, cerca de U$ 50 mil. Na verdade, explicou Ribeiro Filho, acaba se tornando mais barata porque, de uma só vez, três pessoas sao atendidas.

"Minha próxima meta é poder utilizar apenas metade de um fígado em um paciente com paraminoidose", afirmou Bismuth. "Com isso, as filas andarao ainda mais rápido porque de uma só vez, quatro pessoas poderao ser atendidas".




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