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Cartagena: serena e badalada
Por Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
30/08/2006 | 20:47
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Das pedras calçadas no tempo da colônia e dos suspiros de namorados à beira do cais, o ar de Cartagena de Índias tem um pouco mais que o sabor salgado da brisa que sopra do mar caribenho. Distante dos conflitos entre paramilitares, narcotraficantes e forças do governo, Cartagena se mostra serena e badalada ao mesmo tempo. Por muitas vezes, o cenário é dado à contemplação absoluta, distante do cotidiano irritante das grandes cidades e de um prazer solitário, tal qual as paisagens descritas nos romances de Gabriel García Márquez. Por outras, Cartagena é destino preferido de veraneio dos colombianos e de muitas celebridades latinas.

O escritor colombiano, vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1982, trabalhou como jornalista em Cartagena, de onde tirou alguns cenários para seus livros. Assim nasceram Amor nos Tempos do Cólera e Do Amor e Outros Demônios. A cidade guarda um certo charme dos romances. A iluminação das ruas foi planejada para que a luz dos postes reproduzisse a tonalidade dos antigos lampiões a gás. E carros não passam no Centro Histórico.

Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1985, a cidade ainda conserva casas em estilo colonial e igrejas com altares em ouro. Alguns conventos foram transformados em hotéis de luxo, com direito a butiques e tudo o mais.

Cercada por 11 km de muralha, Cartagena de Índias foi uma das primeiras cidades da América espanhola, principal porto de entrada e saída de navios e, conseqüentemente, alvo constante de galeões piratas. Para proteger sua encosta, a Coroa Espanhola construiu na localidade o maior conjunto de muralhas e fortes das Américas.

Invasões à parte, o que impera hoje em Cartagena é o clima de romantismo. A começar pelos passeios de coche (carruagem) pelos principais pontos turísticos, como o claustro da igreja San Pedro Claver, a Casa de Alfândega, o suntuoso Palácio da Inquisição, o Parque del Bolívar, o sobrado que serviu de cenário para o filme Queimada, de Pontecorvo, e o hotel Santa Clara, onde funcionou o convento descrito no romance Do Amor e Outros Demônios.

Também vale conhecer o castelo de São Felipe de Barajas, que levou 121 anos para ser construído “ao preço da fortuna de um rei”. Sem sua fortaleza de pedra, Cartagena provavelmente não teria resistido às investidas de piratas ingleses, que chegaram a atacar a cidade com quase 200 navios e 30 mil homens em 1702.

É verdade que a coloração da água das praias da cidade – El Laguito e Bocagrande são as principais – não tem a tonalidade verde-esmeralda tradicional do Caribe. Nada, porém, que espante o visitante, até porque as 27 ilhas do arquipélago do Rosário, a uma hora do porto de Cartagena, são belíssimas, merecidamente dignas dos mais inspirados romances da literatura mundial. (com AJB)



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