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Saída da Via impacta comércio do entorno

Transferência do administrativo da Casas Bahia irá reduzir vendas e movimento em 50%

Por Yara Ferraz
17/07/2021 | 07:17
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A saída do setor administrativo da Via, empresa responsável pela Casas Bahia, Ponto Frio e e-commerce do Extra, do prédio do Centro de São Caetano, gerou impacto em todo o comércio do entorno. Taxistas, atendentes de lanchonete e proprietários lamentaram a decisão da empresa. A estimativa é a de que as vendas diminuam até 50% sem a movimentação dos funcionários da companhia.

Aproximadamente 800 trabalhadores já estão atuando em novo escritório, localizado em Pinheiros, na Capital, o que já representa fluxo menor na região, formada por importante centro comercial, incluindo cartório, lojas de eletroeletrônicos e roupas, restaurantes e a estação da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

“A maioria dos nossos clientes é o pessoal que passa pela estação. Mas muitos funcionários da Via passam aqui para tomar café ou comer alguma coisa, assim como os clientes e vendedores da Casas Bahia. Acredito que vamos ter uma diminuição de pelo menos 20% (nas vendas)”, afirmou a vendedora Márcia Bispo de Jesus, 19 anos, que atua em quiosque de café e salgados que fica entre a estação e a sede da Via.

“É muito triste, porque o prédio é uma referência para São Caetano. As pessoas que vêm até aqui sempre perguntam sobre a primeira loja da Casas Bahia ou comentam sobre o assunto”, contou a vendedora Gisele Carolina dos Santos Mendes, 34 , que trabalha no mesmo lugar.

O taxista Gilberto Felizardo da Silva, 51, trabalha em um ponto em frente ao prédio. “Quando comecei, aqui era o melhor ponto da cidade”, relatou ele, que já sofre com a redução dos passageiros por causa da popularização dos aplicativos de transporte, crise econômica e pandemia.

“Não consigo estimar quanto, mas sem dúvida terá impacto na quantidade de passageiros. Isso, sem falar que esse prédio é um dos cartões-postais da cidade”, disse ele.

Ao lado da unidade, a lanchonete em que Francisco Alves, 25, é gerente também é um dos pontos de parada dos funcionários na hora do lanche. “Acredito que a gente sinta uma redução de até 25%, pois nosso maior movimento é no café e almoço”, contou. “Além disso, também temos um grande fluxo de vendedores e clientes da loja. E nos dá uma insegurança, porque ninguém sabe, de fato, se ela (empresa) fica.”

Conforme reportagem publicada ontem pelo Diário, a loja localizada no andar térreo do prédio possui vários espaços vazios. Porém, questionada, a Via garantiu que a unidade permanecerá funcionando.

O fato é que a sede e a loja matriz, localizadas entre a Rua Samuel Klein e a Avenida Conde Francisco Matarazzo, sempre foram os atrativos para quem decidiu empreender no bairro. Caso de Francisco Antônio Tavares, 45, proprietário de uma doceria localizada bem em frente à entrada principal da Casas Bahia.

“Com certeza, ter a sede e a loja aqui foi um atrativo para eu montar meu negócio, há 16 anos. Eu fiquei surpreso quando recebi a notícia de que uma empresa desse porte, que nasceu em São Caetano, estava começando a se mudar para São Paulo”, lamentou.

Segundo ele, a expectativa é a de que a clientela e as vendas sejam reduzidas pela metade sem os funcionários do administrativo da Via. “É algo lamentável, até porque é uma mudança grande, não é só uma loja. A gente tinha aqui os 4.000 funcionários. Tenho certeza que se o Samuel (Klein, fundador da empresa e morto em 2014) estivesse vivo, não permitiria a saída daqui.”

Empresa vai iniciar operação financeira

Em comunicado ao mercado, por meio de fato relevante, a Via informou que o BC (Banco Central) aprovou a licença de funcionamento da instituição financeira BNQI. O banQi, banco digital da dona da Casas Bahia, vai oferecer crédito pessoal e o famoso crediário, agora em versão digital.

Além disso, a plataforma é composta por conta digital e a operação dos cartões de crédito Casas Bahia e Ponto. De acordo com a Via, nos últimos dois anos, mais de 15 milhões de clientes utilizaram soluções financeiras, sendo 11 milhões no crediário.

A licença deve resultar “em maior inclusão financeira e acesso a crédito a milhares de brasileiros, representando uma verdadeira quebra de paradigma no varejo. Além do tradicional crediário, o BNQI poderá realizar operações de empréstimos e de financiamentos aos clientes e parceiros por plataforma eletrônica”, informou a empresa, no fato relevante.

A plataforma também deve atuar no marketplace (empresas que comercializam no site ou demais aplicativos do grupo), com repasses dos valores na conta de pagamento, financiamento para capital de giro, serviços de cobrança em geral e emissão de boletos, entre outros.

De acordo com a Via, as soluções financeiras retroalimentam o ecossistema Via, aumentando o poder de compra do brasileiro, abrindo novos canais de conexão, gerando mais recorrência e fidelização. Ao mesmo tempo, a expectativa da companhia é o da redução de custo de transação e de aquisição de clientes.

O anúncio vai em linha com as últimas aquisições da empresa, que apontam para uma ampliação das atividades da companhia, além do segmento do varejo. Ontem, as ações da Via fecharam em queda de 0,88%, a R$ 14,60 cada uma.  




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