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Comerciantes de São Bernardo
cobram boxes prometidos em 2011

Trabalhadores têm documento emitido há quase dez anos pela Secretaria de Habitação e aguardam por transferência para novas instalações

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
25/05/2021 | 00:01
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Celso Luiz/ DGABC


Um grupo de comerciantes da Rua dos Vianas, no Baeta Neves, em São Bernardo, cobra da Prefeitura boxes onde poderiam realizar suas atividades e que foram prometidos em 2011 pela gestão do ex-prefeito Luiz Marinho (PT). De acordo com documentos que estão na posse dos comerciantes e que foram emitidos pela Secretaria de Habitação, eles teriam um prazo de 15 dias (até 2 de dezembro de 2011) para deixar a área, mas, posteriormente, foram orientados a aguardar no local, até que as novas estruturas estivessem construídas.

Com o passar dos anos, os comerciantes foram observando os moradores da área sendo removidos e, finalmente, os boxes foram instalados na Rua Jardim da Colina, a poucos metros de onde estão seus estabelecimentos. Na semana passada, ansiosos pela data em que poderiam se mudar para os espaços que já estão prontos e prestes a ser inaugurados, os trabalhadores entraram em contato com a Secretaria de Habitação, foram informados que não poderão ocupar aqueles boxes e que devem aguardar pela construção de outros, sem prazo ou local definidos.

A cabeleireira Luciana Ferreira de Souza, 45 anos, foi quem entrou em contato com a administração e foi surpreendida com a informação de que não poderia mudar o seu salão. A situação piorou depois de domingo, quando o seu comércio, que funciona no mesmo local há 18 anos, foi interditado pela Defesa Civil por conta de rachaduras na parede. “O próprio engenheiro que veio aqui disse que o que causou os danos foram obras da Prefeitura. Onde eu vou trabalhar agora?”, questionou.

“Quando nos cadastraram, éramos 20 comerciantes e o projeto previa a construção de 22 boxes. Mas a gente vê que não foram feitos nem dez. O que aconteceu com o projeto anterior?”, questionou Luciana. A poucos metros do salão, a comerciante Luciene Costa da Silva, 38, vende itens diversos, e apesar de também ter documento emitido em 2011 pela Secretaria de Habitação, foi informada de que não existe cadastro em seu nome para atendimento de um novo box. “Estou aqui há 15 anos, todos receberam o mesmo documento”, afirmou.

O medo dos comerciantes é que tenham que deixar os locais onde hoje trabalham a qualquer momento, sem garantia de onde poderão exercer suas atividades profissionais, já que, como havia o compromisso de alocá-los em outro local, a administração não se comprometeu em indenizar a desapropriação. “A gente tem a nossa clientela aqui, nos prometeram que ficaríamos nessa região”, completou Luciana.

Questionada, a Prefeitura de São Bernardo informou que obras do Saracantan/Colina incluem amplo projeto de urbanização de assentamentos precários, além de obras viárias que vão beneficiar moradores de todo a região. Os comerciantes da área de abrangência das obras, que aderiram à proposta de reassentamento definitivo feita pela administração em 2019, passaram a ter prioridade para recebimento de boxes comerciais no local, assim que as obras forem finalizadas. “Os comerciantes resistentes, por sua vez, foram alvo de ações civis públicas para remoção do local”, informou, sem especificou se os reclamantes com o compromisso firmado em 2011 se enquadram nesse caso, mas eles alegam que nunca se recusaram a sair. “A Defesa Civil foi acionada por uma das comerciantes do local e emitiu auto de interdição devido a solapamentos causados pelo córrego e não pela frente de obras”, completou a Prefeitura. 




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