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Covid-19: são quantas viroses?
Antônio Carlos do Nascimento
01/02/2021 | 00:01
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Por enquanto, no Brasil temos apenas duas opções de imunização para a Covid-19, as vacinas desenvolvidas por Sinovac/Butantan (Coronavac) e Oxford/Astrazeneca, mas outros modelos vacinais estão disponíveis em outros países.

Para todos estes arquétipos de imunização resta a dúvida imediata quanto às suas eficácias contra novas variantes do coronavírus, especialmente aquela que emergiu na África do Sul.

A Johnson & Johnson, com imunizante de dose única para a Covid-19 prestes a ser aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) para uso emergencial nos Estados Unidos, anunciou na última sexta-feira, que sua vacina com eficácia de 72% nos Estados Unidos teve essa taxa reduzida para 57% na África do Sul. Um dia antes, a farmacêutica norte-americana Novavax apresentava análise inicial de seu estudo envolvendo 15 mil voluntários na Grã-Bretanha, revelando que após duas doses de sua vacina a taxa de eficácia alcançada fora de 90%, mas que em um pequeno ensaio na África do Sul a taxa de eficácia caiu para menos de 50%.

Vários estudos feitos com as Pfizer-Biontech e Moderna também sugerem diminuição na eficácia contra esta variante sul-africana do coronavírus, a qual já se espalhou por 31 países pelo mundo.

Essas novas versões do coronavírus têm surgido por todo o globo terrestre e no Brasil encontramos uma com sórdidos rastros em Manaus. Inicialmente preocupam mais pela velocidade com que se disseminam e não pela gravidade clínica dos casos, embora não seja descartado que promovam maior letalidade.

Ainda que a partir dessas observações sentimentos inquietantes possam sugerir inutilidade da vacinação, o raciocínio deve ser o inverso, pois, faz-se extremamente necessário que nos vacinemos no menor intervalo de tempo possível, para que possamos nos proteger destes vírus antes que saltem de indivíduo para indivíduo, modificando suas características a cada novo organismo infectado.

Se nos últimos dez meses estivemos isolados no que foi possível e circulamos mascarados com distâncias demarcadas em filas, o fizemos para dar tempo ao sistema de saúde na estruturação de seus leitos e redes de oxigênio, condições básicas no atendimento dos casos moderados e graves da Covid-19. Mas, agora, diante dos registros (em parte previstos) deste agente infeccioso com versões mais cruéis, precisamos manter a guarda para não permitir o tempo que precisam dentro de nossos corpos para amplificar suas competências infectante e letal em suas próximas vítimas.

Os dados que se somam acerca da habilidade mutante deste vírus apontam que a exposição deliberada da população à pandemia, intencionando a imunização coletiva, é mesmo péssima alternativa, não só pelo risco iminente de enorme número de mortes e caos na saúde pública, mas também por propiciar ao coronavírus os laboratórios de nossas células. Parece possuir rara perspicácia em utilizar a maquinaria de nossas células, testando alternativas em suas estruturas para driblar nossos recursos imunológicos.

Como consequência, poderemos restar sem a esperada imunidade de rebanho e submissos a novas versões do coronavírus, em um moto-contínuo doloroso e destrutivo para a saúde pública e consequente caos econômico.

Apesar de cansativo e retórico, as palavras de ordem continuam sendo paciência e cautela, vê-se claramente que as chances que possuímos estão nas interrogações dos imunizantes e não na devastadora certeza da exposição sumária a estes hábeis agentes infecciosos.

Espere sua vez e seja vacinado, contra este vírus e tudo que ele potencialmente possa se tornar.




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