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Inspetor de escola especial é preso acusado de estupro

Funcionário público de São Bernardo há 19 anos, homem foi denunciado por ao menos quatro adolescentes

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
27/08/2019 | 07:00
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Google Street View/Divulgação


O inspetor Elival Monteiro, 53 anos, da Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Neusa Bassetto – unidade que há cerca de 60 anos oferece aulas para surdos no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo, e cujo serviço é referência – foi preso na quinta-feira sob acusação de estupro de vulnerável. Monteiro, que há 19 anos é funcionário público, foi acusado por quatro adolescentes, entre 14 e 16 anos – outros seis já teriam procurado a polícia. Os depoimentos dos jovens foram feitos com o auxílio de uma intérprete.

Segundo as advogadas Fabiane Diaz e Grace Ferreli, que representam as famílias, um aluno de 14 anos contou a uma professora no dia 16 de agosto sobre as violências que vinham ocorrendo. A docente comunicou a direção da escola, que na quarta-feira convocou os familiares para uma reunião. Todos foram encaminhados à DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) da cidade, onde o caso foi registrado. “Temos relatos de que a violência vinha sendo praticada pelo menos desde 2016”, explicou a advogada Fabiane Diaz.

Os adolescentes mostraram conversas mantidas pelo celular com o acusado, em que o inspetor faz elogios às vítimas. “Os adolescentes eram ameaçados, que se contassem aos pais iriam apanhar. Também recebiam promessas de presentes, como tênis e doces”, explicou Fabiane. “A expectativa é que outras vítimas se sintam encorajadas a denunciar”, completou. O inspetor, que já atuou em pelo menos quatro escolas da rede municipal, teve a prisão temporária (por 30 dias) decretada na quinta-feira, quando foi à DDM prestar esclarecimentos. 

A mãe de um aluno que frequenta a instituição desde 1 ano e meio, relatou que o jovem, 16 anos, apresentou mudanças no comportamento ainda em 2016. “Ele estava agressivo, distante e notei algumas buscas de vídeos pornográficos na internet”, relatou a dona de casa, 36. “Agora a gente sabe que ele (o inspetor) colocava os meninos para se beijar e dizia que era brincadeira”, comentou. No celular do filho, a mãe viu uma conversa com outro colega em que ele escreveu “tô com medo Eli”.

A mãe do aluno que foi o primeiro a denunciar os crimes, uma técnica de enfermagem, 37, contou que o filho estava mais nervoso e preocupado, dizendo com frequência que iria morrer. “Quando ele era pequeno, eu dizia que ninguém podia encostar nas partes íntimas dele ou ele poderia morrer, então acho que resgatou isso”, pontuou. 

A mãe de uma jovem de 15 anos contou que a filha vinha alegando, há cerca de quatro meses, que não queria mais ir para a escola. “Ela dizia que tinha um problema muito sério, mas que não podia me contar”, lembrou.

Todos os pais relataram que os filhos eram ameaçados pelo inspetor e que estavam se recusando a ir para as aulas. “Depois que nos chamaram na escola e nos contaram o que houve, e principalmente após a prisão desse homem, eles estão aliviados”, declarou o pai de um aluno, um pedreiro de 40 anos.

O advogado de defesa do inspetor, Eliton Monteiro, afirmou que seu cliente “é inocente, está preso apenas para averiguações e que tudo isso se trata de um conluio dos alunos”. A Prefeitura de São Bernardo informou, por meio de nota, que “o criminoso em questão agiu de forma silenciosa, covarde e rasteira e, assim que tomou conhecimento dos fatos, a Secretaria de Educação o suspendeu imediatamente do cargo, sem vencimentos”. Segundo o comunicado, a administração tem proporcionado todo tipo de apoio e assistência às vítimas e seus familiares para tentar minimizar os danos. 




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