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Ameaça de ataque no Dia dos Pais
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
Com AE
09/08/2006 | 07:45
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A ordem para a realização dos ataques promovidos pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) no Grande ABC e na Região Metropolitana foi transmitida do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Guarulhos por meio de familiares que visitaram os presos no domingo. Na volta para casa, os parentes dos presos teriam repassado as orientações para os executores dos atentados.

“Segundos investigações e escutas telefônicas realizadas pelo setor de inteligência da polícia, a ordem geral dos ataques partiu de Presidente Bernardes e foi repassada para outras cadeias. Para a região e boa parte da área metropolitana, as ordens foram dadas de Guarulhos”, afirmou o delegado Paul Henry Verduraz, chefe do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) de São Bernardo.

A possibilidade de novos ataques ocorrerem neste fim de semana, quando se comemora o Dia dos Pais, é grande, segundo as interceptações telefônicas feitas pela polícia. “É uma ameaça real que vem se intensificando nos últimos dias por meio dos diálogos”, disse Verduraz.

 Investigadores do 3º DP de Santo André prenderam no final da tarde de anteontem o traficante S.P., 23 anos, integrante do PCC acusado de tentar incendiar ônibus da garagem da Viação São Camilo, localizada na Vila Assunção. A polícia não quis divulgar o nome do detido para não atrapalhar as investigações para a prisão de dois comparsas de P. que participaram da ação e que estão foragidos.

P. foi preso em sua casa no Riacho Grande, em São Bernardo. Ele ficou preso durante quatro anos e saiu há poucas semanas. Em depoimento à polícia, disse que foi obrigado pela facção a queimar os ônibus da Viação São Camilo.

Às 20h de domingo, P. recebeu uma ligação pelo celular de um preso recluso em uma penitenciária do interior. A ordem era para incendiar os ônibus exatamente às 5h30 de segunda-feira, pois os atentados deveriam ser sincronizados.

“Esse preso e outros dois comparsas, que ele não conhecia e que também receberam ordens da facção, se encontraram numa favela de Santo André. Ficaram bebendo e consumindo droga durante toda a noite. Na hora de realizar o ataque, deviam estar tão alterados que não conseguiram acertar os ônibus com seis coquetéis molotov”, afirmou o delegado Alberto Mesquita Alves. A polícia chegou a P. por meio de rastreamento de ex-presidiários da região.

A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) divulgou ontem que cerca de 11 mil presos em todo Estado sairão das cadeias a partir de quinta-feira para indulto do Dia dos Pais. A suposta proibição do indulto foi um dos motivos para a nova onda de atentados.

Os ataques do PCC continuaram anteontem à noite e ontem e ocorreram principalmente no interior e na Região Metropolitana. A Secretaria de Segurança Pública não divulgou balanço do segundo dia dos atentados até ontem à noite.

No Grande ABC, um microônibus foi incendiado ontem à tarde na Vila São Pedro, em São Bernardo. À meia-noite, dois ônibus foram queimados no bairro Pedreira, bem na divisa com Diadema.

Motoristas e cobradores de linhas de ônibus de Santo André e Mauá, as cidades que tiveram parte das frotas atacadas anteontem, disseram não terem notado a presença de policiais à paisana dentro dos coletivos, como prometeu o governo do Estado. Ao contrário disso, os motoristas de Mauá queixaram-se da falta de viaturas no decorrer dos trajetos. A PM garantiu que homens da tropa estão lá nos ônibus, escondidos, à espera de ataques do PCC.
(Colaborou Bruno Ribeiro)



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