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Sessão de S.Bernardo é traduzida em Libras

Trabalhos na Câmara passam por interpretação para a comunidade surda; serviço chegou a ser contestado

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
17/02/2019 | 07:00
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 Toda quarta-feira os vereadores de São Bernardo assumem seus postos na Câmara para dar início à sessão, que começa pontualmente às 9h. Neste horário, porém, não há só parlamentares e seus assessores no plenário. Intérpretes em Libras (Língua Brasileira de Sinais) estão em seus lugares para traduzir os debates à comunidade surda que acompanha as atividades.

Os trabalhos começam antes mesmo de os políticos ou população usar a tribuna. Eles traduzem o Hino Nacional e o hino de São Bernardo. Curiosamente, as sessões da cidade não são transmitidas – nem pela TV nem pela internet. Ou seja, a interpretação fica restrita a quem acompanha as discussões na galeria, que, geralmente, conta com baixa participação popular. Na quarta-feira, por exemplo, cerca de 50 pessoas estavam presentes.

Raphael Henrique Ribeiro Sansão, 30, é um dos intérpretes que costumam atuar na Câmara de São Bernardo – há revezamento nas semanas. Ele é só elogios à função que faz. “Tenho muita satisfação pelo que faço. É um trabalho com muita responsabilidade, porque estamos levando informações importantes para a comunidade surda. Passamos os projetos dos vereadores e temos que dar ciência do que os parlamentares estão fazendo na Câmara.”

Traduzindo Libras desde 2005, Sansão aprendeu a língua de forma voluntária, quando passou a fazer parte da comunidade de surdos. “Hoje, a Libras é reconhecida por lei. A LBI (Lei Brasileira de Inclusão), que legisla sobre Libras, destaca sua a importância de ela estar em prédios públicos.”

Segundo Sansão, o fato de a mulher do presidente Jair Bolsonaro (PSL), Michelle Bolsonaro, militar pela causa trouxe reconhecimento. “Ela nos deu visibilidade também”. Michelle discursou em Libras na posse do marido, dia 1º de janeiro. 

Sansão trabalha na empresa Educalibras, que presta o mesmo serviço para 35 câmaras em São Paulo, no Rio de Janeiro e até no Acre. Um dos fundadores da firma, Andrey Lemes da Cruz, 33, também interpreta Libras na Câmara de São Bernardo. “Trabalhamos sempre em duplas. É uma atuação que cansa a mente, mais do que a parte física. Por isso, revezamos a cada 20 ou 30 minutos.”

O serviço foi contratado pelo Legislativo em 2013 e, à época, causou polêmica entre os parlamentares. Tornou-se realidade há dois semestres.

Segundo Cruz, Libras é uma das línguas oficiais no Brasil desde 2002. “A LBI está aí para ajudar quem precisa de inclusão, por isso, muitas câmaras estão procurando o serviço agora”, destacou.

Por enquanto, conforme Cruz, somente São Bernardo procurou a Educalibras para atuar na Câmara no Grande ABC. “Tenho quase certeza que isso poderá mudar em um futuro próximo. E eu também vou colocar os serviços da minha empresa à disposição das Casas da região. É muito importante que haja inclusão.”




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