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De pai para filho

Os desafios e descobertas dos filhos que seguiram a mesma profissão dos pais

Aline Melo
Diário do Grande ABC
12/08/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Todas as pessoas passam pelo momento de dúvida de qual profissão escolher. Ou quase todas... Algumas são influenciadas desde pequenas pelos pais e resolvem seguir os mesmos passos. Em alguns casos, a convivência é pacífica e dividir o mesmo ambiente de trabalho reforça os laços. Em outras, as várias horas lado a lado podem agravar os conflitos, mas ao final, ficará o sentimento de gratidão pelos aprendizados. Em homenagem ao Dia dos Pais, o Diário conta três histórias de aprendizados, conflitos, mas sobretudo, de amor.

Pedras duras, corações moles

Marmoraria na Vila Suíça, em Santo André, existe oficialmente desde 2007. Fundado por José Luiz Soares Barbosa, 56 anos, o negócio é tocado pelos filhos Diogo Teixeira Barbosa, 32, e Diego Teixeira Barbosa, 36. “Gastei muito tempo treinando esse pessoal e hoje eles desempenham direitinho”, contou o patriarca.

Há alguns anos, Barbosa deixou os negócios com os filhos devido a problemas de relacionamento entre eles. “Ensinei o que pude e acho que isso permitiu termos uma convivência que não teríamos se trabalhasse em uma fábrica, por exemplo”, conta. Diogo diz, com brilho nos olhos, que é apaixonado pelo ofício ensinado pelo pai.

“Desde os 12 anos, já trabalhava. É uma atividade dura, mas já tive outro emprego que não gostava e é muito difícil”, pontua. Para Diego, seguir os passos do pai era o óbvio a fazer. “Começamos muito cedo, achava o trabalho dele bonito”, declara.

Os negócios vão sendo levados com dificuldade, mas se mantêm graças a relacionamentos construídos pelo pai no passado. “Temos os mesmos fornecedores há muitos anos, e isso nos ajuda muito. Mérito do meu pai, que sempre foi respeitado”, reconhece o filho. Diego lembra que na marmoraria fez uma grande amizade, apenas por telefone. “Um fornecedor amigo nosso, Wagner Pícoli, que faleceu este ano”, comenta.

É também com orgulho que os irmãos contam sobre um trabalho pioneiro, os filetes de granito, de uso decorativo. “As marmorarias fazem esse tipo de trabalho com pedra madeira, toledo. Para evitar prejuízo, uma vez que uma peça de granito quebrou, meu pai filetou o material e desenvolvemos esse tipo de trabalho”, contam.

Hoje, os dois já têm filhos, e relatam que é mais fácil entender o próprio pai. “Reconheço tudo que fez por nós, todas as dificuldades. Vou tentar ser mais amigo do meu filho (hoje com 3 anos), mas quando tiver 12 vai vir trabalhar comigo, como a gente fez”, finaliza Diogo.

Tão perto, tão longe

Os moradores de Santo André Vagner Greco, 46, e Brenner Greco, 21, atuam há seis meses na mesma empresa, no setor de manutenção de uma grande petroquímica da região. O pai está na empresa há mais tempo do que o filho tem de vida, e apesar de atuarem os dois no mesmo ramo, estão em plantas diferentes e por isso a convivência continua apenas nos momentos familiares. O jovem estuda Engenharia Mecânica, mesmo curso escolhido pelo pai.

“A escolha certamente foi por influência dele. Primeiro fiz um curso profissionalizante e vi que realmente gostava da área”, conta o estagiário. “É uma satisfação e um orgulho saber que ele segue meus passos. A gente sempre tem um ícone na vida, às vezes é um avô, um tio, é uma alegria saber que sou eu o ícone do meu filho”, comenta o pai.

Atuando em áreas distintas do negócio, pai e filho aproveitam o tempo livre para estarem juntos. “Vamos a muitos eventos de família, sempre espero ele chegar da faculdade para falarmos sobre o dia. Procuro acompanhar de perto todos os filhos”, pontua Greco pai, que tem outros dois filhos, de 17 e 9 anos. “Meu pai é meu exemplo de vida, como pessoa, como profissional, Sempre ajudando ao próximo, é meu espelho”, conclui o jovem Brenner.

Versatilidade em família

O cabeleireiro Manoel Soares de Lima, 52 anos, está à frente de seu salão de cabeleireiro há 25 anos. Lima veio de Pernambuco para Santo André aos 17 anos, já trazendo consigo os ensinamentos do pai, que era barbeiro na pequena Saloá, a 255 km de Recife. O trabalho com cabelos é uma tradição da família, com mais de dez integrantes atuando no ramo.

“Comecei com uma sala na Rua Oratório, me mudei para um salão maior no mesmo endereço e há três anos estou na Avenida Itamaraty”, relata. A sua filha Jacqueline Zanata de Lima, 23, conta nem se lembrar com que idade passou a frequentar o salão. “Desde muito pequena vivia pendurada nas pernas dele”, relembra a jovem.

Lima é especialista em tinturas para cabelos loiros e também tratamento para cabelos afros. Jacqueline, por sua vez, aprendeu tudo o que pôde com o pai, e além de estar apta a diversos cuidados com os cabelos, também faz maquiagens. “Faço escova, tintura, de tudo um pouco. Atualmente cuido mais da parte administrativa”, explica a estudante do 3º ano de Administração.

“Meu pai me inspira muito. É excelente profissional, ótimo vendedor”, elogia a filha. Lima lembra episódio em que a versatilidade dos conhecimentos da filha salvaram o dia. “Havíamos sido contratados para arrumar oito madrinhas, e uma das nossas funcionárias ficou doente. Jacqueline fez de tudo um pouco e sem ela não teria conseguido”, reconhece o pai.  




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