Economia Titulo 1º de Maio
Trabalhador fica sem festa no Grande ABC

Após 2 anos com eventos, SMABC decide focar
nos protestos que ocorrerão em São Paulo

Flavia Kurotori
Gabriel Russini
Soraia Abreu Pedrozo
30/04/2017 | 07:06
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Divulgação


O Dia do Trabalho é comemorado amanhã mas, desta vez, o trabalhador ficará sem festa no Grande ABC. Isso já aconteceu em 2014, e nos dois anos seguintes o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC organizou eventos em formato menor, em bairros periféricos de São Bernardo. Os atos políticos e os shows deste ano serão unificados na Capital paulista – leia mais abaixo.

A última vez em que houve festejos no Paço Municipal foi em 2013. No entanto, os trabalhadores vaiaram o ato político e os sindicalistas mal conseguiram falar. Sendo assim, no ano seguinte a entidade optou por realizar comemoração unificada na Capital, no Vale do Anhangabaú, em festa da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Nos últimos dois anos o sindicato voltou a realizar o evento em São Bernardo, mas pelo fato de o Paço estar em reforma, em 2015 houve duas edições, Jardim Palermo e no Jardim do Lago. E, em 2016, no espaço de eventos do Poliesportivo.

De acordo com o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, neste ano o foco são as manifestações contra as reformas previdenciária e trabalhista. Por isso a opção em concentrar os atos conforme a agenda da CUT. “Este 1º de maio está acontecendo em meio a intensa resistência contra os ataques à classe trabalhadora. Nossa preocupação, mais do que nunca, é lutar para garantir nossos direitos”, explica, referindo-se também às reformas previdenciária e trabalhista.

NADA A COMEMORAR - Na esteira da ausência de comemoração na região, o empregado tem pouco com o que se alegrar. A equipe do Diário conversou com os principais sindicatos da região e apurou que, neste ano, faltam motivos para celebrar a data histórica e sobram razões para refletir sobre os direitos do trabalhador.

A começar pelo alto índice de desemprego, de acordo com os dados da última PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego da região) realizada pelo Seade/Dieese, referente ao mês de fevereiro, o Grande ABC conta com 244 mil pessoas fora do mercado de trabalho. É como se quase toda a população de São Caetano e de Ribeirão Pires estivesse desempregada.

Amanhã “é dia de ir mais uma vez para as ruas e protestar contra os ataques que o governo está fazendo contra os trabalhadores”, comenta o presidente do Sindicato dos Bancários do ABC, Belmiro Moreira. “O desemprego só está subindo e a recessão continua”, completa. “Michel Temer é motivo para chorar”, afirma o diretor do Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC, Marcos Antônio Aleixo, referindo-se às reformas da Previdência e trabalhista.

De acordo com Osmar César Fernandes, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, amanhã “é dia do trabalhador fazer uma reflexão em relação às mudanças que podem acontecer com seus direitos”.

Raimundo Suzart, presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, segue pela mesma linha. “Não há o que comemorar, apenas o que lamentar. Estão tirando os direitos dos trabalhadores, desse jeito vamos virar um País de quarto ou quinto mundo”.

Para Joaquim Fernandes da Rocha, diretor financeiro do Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil) de São Bernardo e Diadema, a data é de luta, e não de celebração. “Não podemos perder esses direitos que vieram depois de tanta luta e resistência”.

REFORMAS - A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira o texto principal da reforma trabalhista, com 296 votos a favor e 177 contra. A proposta agora segue para o Senado. Polêmico, o Projeto de Lei 6787/2016 sugere reformulações na legislação trabalhista como na remuneração, no transporte, no descanso, na jornada de trabalho a nas férias.

Em relação à reforma previdenciária, o governo ainda enfrenta resistências dentro da própria base, que necessita do voto de 308 deputados para que seja aprovada, já que altera a Constituição Federal.

Na sexta-feira, pelo menos 222,7 mil cruzaram os braços na região e não foram trabalhar, em adesão à greve geral realizara contra as reformas. O presidente Michel Temer (PMDB), no entanto, disse que elas continuarão a ser votadas no Congresso Nacional.


Centrais protestam amanhã em São Paulo

Neste feriado do Dia do Trabalho, celebrado amanhã, haverá três festejos na Capital: na Av. Paulista, na Praça Campo de Bagatelle e no sambódromo do Anhembi.

O ato da CUT (Central Única dos Trabalhadores) será na Avenida Paulista, em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), a partir das 12h. Conforme a central, este 1º de maio será em resistência a aposentadoria, direitos trabalhistas e por mais empregos.

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), proibiu a realização do ato no local, no entanto, a CUT disse que a manifestação está mantida. E, inclusive, os shows dos rappers Emicida e Mc Guimê, da sambista Leci Brandão, dos grupos As Bahias e a Cozinha Mineira, Ilu Obá de Min, Bixiga 70, Mistura Popular, Marquinhos Jaca e Sinhá Flor.

TRADICIONAL - Em sua 20ª edição, o 1º de maio da Força Sindical será realizado na Praça Campo de Bagatelle. Com o lema Direitos, Empregos e Aposentadoria Digna, a manifestação tem como objetivo reivindicar “mais direitos e empregos, aposentadoria digna para todos, fortalecimento da negociação coletiva, crescimento econômico e distribuição de renda”.

O evento será das 9h às 15h e contará seu tradicional sorteio, desta vez de 19 carros HB20 zero-quilômetro, e com atrações musicais de Zé Neto & Cristiano, Maiara & Maraísa, Simone & Simaria, Bruno & Marrone, Michel Teló, Zezé Di Camargo & Luciano, Fernando & Sorocaba, Eduardo Costa, Júlia & Rafaela e Felipe Araújo.

Já a festa da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) será no sambódromo do Anhembi, a partir das 12h. De acordo com a CTB, não será apenas um dia de festa, mas também de luta contra “retrocessos, retirada de direitos trabalhistas e ataques à aposentadoria que estão em pauta no Congresso Nacional”.

Assim como as demais, ela também contará com atrações musicais, sendo a maioria os mesmos artistas que também se apresentarão no evento da Força. Os shows serão de Bruno & Marrone, Zezé Di Camargo & Luciano, Michel Teló, João Bosco & Vinícius, Simone & Simaria, Maiara & Maraísa, Thame & Thiago, Zé Neto & Cristiano, Gustavo Mioto, Higor Rocha, Hugo & Tiago, Paula Mattos, Jads & Jadson e Felipe Araújo.


 




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