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Black Friday não anima consumidor

Descontos decepcionam; de 270 produtos avaliados pela Proteste, só 77 estavam mais baratos

Por Paula Oliveira
Especial para o Diário
26/11/2016 | 07:13
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André Henriques


Em sua sexta edição brasileira, e em meio à crise, a Black Friday parece ainda cometer alguns deslizes por aqui. Apesar das promessas de descontos de até 90%, na prática, as promoções oferecidas pelos estabelecimentos comerciais não empolgaram muito os consumidores do Grande ABC.

“Eu estava perto da Casas Bahia e resolvi entrar para ver se tinha alguma promoção de celular, mas, por enquanto, não encontrei nada do que eu estava esperando. O preço continua muito parecido com o de antes da promoção. Esperava por descontos maiores, e por isso eu não vou comprar”, afirma a operadora de loja Antonina Marques, 53 anos, de Mauá.

Um exemplo era smartphone da Asus, lançado por R$ 1.600, que era encontrado em algumas lojas por R$ 1.500, ou seja, com redução de R$ 100. Outro, era o iPhone 5, que custa em torno de R$ 2.000, mas que em uma das lojas saía por R$ 1.390, mas somente para pagamento à vista.

A equipe do Diário percorreu comércios da região e verificou que o fluxo de pessoas estavam acima do normal, porém, nas filas, o número de compradores era muito menor. Além disso, as prateleiras e os estoques pareciam estar cheios. “Neste mês estou apenas pesquisando valores. Não esperei para comprar na Black Friday porque, sinceramente, acredito que o valor continua o mesmo. Muitas vezes, nós somos enganados pelas propagandas”, comenta Rodrigo de Jesus, estudante de redes de computadores de São Paulo, 23.

“Na minha opinião, a data foi criada para alavancar vendas, e isso realmente acontece. Mesmo que não haja promoções, o consumidor age por impulso e compra. Não vale a pena esperar por ela. Esse preço que é encontrado hoje, depois do Natal ou de datas importantes pode ser mais barato do que na Black Friday, por exemplo”, avalia a atendente paulistana Thaine Pontes Dias, 19.

De fato, conforme monitoramento de preços realizado pela Proteste, de 270 produtos avaliados, apenas 77 estavam realmente com descontos, quando comparados com os preços médios de novembro.

Mesmo assim, houve quem saísse satisfeito da dia de promoções. Foi o caso da empregada doméstica de São Caetano Magali Santos, 55, que foi disposta a comprar um modelo de televisão quando viu a propaganda da Black Friday da Casas Bahia, mas, chegando no estabelecimento, conseguiu levar modelo melhor pelo valor que queria. “Não fiz pesquisa de preços, mas estou muito satisfeita com o quanto paguei pela minha TV.”

Conforme apurou a equipe do Diário, lojas de bairro conseguiram ter mais flexibilidade nos descontos oferecidos aos clientes, como a perfumaria Krauuss Cosméticos, de Santo André, que ofereceu abatimentos de 25% a 70%.

“Optamos pela Black Week, para que o consumidor tenha mais tempo para comprar. Além disso, os descontos vale para todos os produtos, não somente para alguns”, afirma o proprietário do local, Rogério Corá. Segundo ele, o faturamento estimado para a semana de ofertas supera o total vendido em 15 dias.

No local foram distribuídas senhas para entrar no setor de cosméticos, os produtos mais procurados. “Esperava gastar R$ 100 hoje (ontem), mas como encontrei bastante promoções, acredito que vá gastar mais de R$ 200. Vou aproveitar para antecipar os presentes de Natal”, comenta a aposentada andreense Nancy Adriene, 60.

NA INTERNET - Segundo levantamento da PiniOn realizado com 650 usuários de smartphone que pretendiam entrar em algum site para participar da Black Friday, o consumidor segue mais atento. Do total, 83% já haviam pesquisado os preços, 47% compararam os valores e afirmaram que eles estão iguais e 39% acham que estão mais baixos. Apenas 14% acreditam que o evento está pior do que os de edições passadas.

“Tentei comprar hoje (ontem) de madrugada, mas o valor do produto era mais que o dobro do que recebi por e-mail. Entrei em contato com a empresa e estou aguardando retorno, mas até agora ela não se manifestou”, afirma a professora de Guarulhos Gleicy Lopes, 37.

Em alguns sites, no entanto, as promoções foram maiores do que nas lojas físicas. “ O preço que paguei estava muito mais barato do que no shopping. Comprei um sapato por R$ 103, com frete grátis, que na loja física estava R$ 129,90. Para mim valeu a pena, mas não confio em toda promoção que vejo”, afirma a estagiária de atendimento publicitário Gabriela Carvalho, 22, de Santo André.

Conforme a idealizadora do evento no Brasil, a BlackFriday.com.br, a expectativa para data na região era movimentar R$ 40,5 milhões, alta de 34% ante a edição de 2015. Até o fechamento desta edição, porém, a companhia não havia divulgado balanço para a data. Muitos comércios prosseguirão com descontos até domingo. 




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