Flávio José Bezerra, 10 anos, de Diadema, tinha bastante dificuldade com a leitura e a escrita. Mas tudo começou a mudar no início do ano, quando passou a frequentar as aulas de reforço da Escola Municipal Florestan Fernandes junto aos amigos Nathália da Silva Cardoso, 10, e Marco Pereira de Jesus, 11. "Antes a gente escrevia como falava. Agora, não precisa mais ninguém ler para mim. Consigo sozinho", diz Flávio.

Melhorar não foi moleza. Além de encarar o desafio, a turma teve de enfrentar as piadas de mau gosto de colegas. Nathália ficava triste e chorava quando isso acontecia. Mas, hoje, a história é outra. Transformaram-se em bons alunos e até ajudam a professora e quem tem dúvidas na classe. "Leio para meus amigos e para as crianças das outras séries. Fico feliz", afirma Marco.

Nathália sentiu diferença inclusive na hora de acompanhar as aulas e fazer a lição de casa. Em geral, precisava que o pai lesse o enunciado das atividades para então fazê-las. Depois que aprendeu a ler bem, ficou muito mais fácil resolvê-las. "Antigamente, só ficava olhando as figuras dos livros. Agora, posso entender o que está escrito", conta a menina.

Os amigos perceberam que quanto maior o hábito da leitura, melhor será a produção de textos. Na opinião de Flávio, ler e escrever direitinho desde a infância será bom para o futuro, principalmente para conquistar empregos melhores.

E tem mais. Após a experiência, Marco passou a respeitar mais os amigos com sotaque diferente. Entendeu que, apesar de a pronúncia não ser igual em várias partes do Brasil, o modo de escrever não muda por causa das regras gramaticais.