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São Caetano perde a Libertadores nos pênaltis
Fernão Silveira
Do Diário OnLine
01/08/2002 | 05:18
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Numa exibição tímida e irreconhecível, o São Caetano perdeu a Copa Libertadores da América de 2002 para o Olimpia, nesta quarta-feira, no Pacaembu. O time paraguaio, desacreditado, fez tudo o que precisava: venceu o tempo normal por 2 a 1, de virada, e faturou a decisão nos pênaltis por 4 a 2, graças ao aproveitamento de 100% em suas quatro cobranças e aos erros de Marlon e Serginho (ambos chutaram no meio, por cima do gol de Ricardo Tavarelli).

Nascido há 12 anos, o São Caetano amargou seu terceiro vice-campeonato consecutivo em competições importantes. Em 2000, o Azulão foi derrotado pelo Vasco na decisão da Copa João Havelange (equivalente ao Campeonato Brasileiro); em 2001, perdeu a final do Campeonato Brasileiro para o Atlético Paranaense. Desta vez, na decisão mais importante de sua tenra história, o São Caetano amargou o vice na Copa Libertadores da América. Confirmando uma incômodo retrospecto de ir longe e morrer na praia.

No outro lado do gramado, o centenário Olimpia, imerso em uma crise política (o presidente Osvaldo Dominguéz Dibb renunciou ao cargo alegando que "faltou vontade de ganhar ao time" no jogo do Paraguai), chegou a seu terceiro título da competição sul-americana (venceu em 79 e 90, e foi vice em 60 e 89). Em novembro, em Yokohama (Japão), o Olimpia enfrenta o Real Madrid na decisão do Mundial Interclubes.

Papéis trocados - Assim como ocorreu na partida de ida (dia 24), no Paraguai, o time visitante foi imensamente superior ao anfitrião nesta quarta-feira e conquistou a vitória mostrando um jogo ofensivo e inteligente. Em suma, o Olimpia de hoje foi o São Caetano de ontem: marcou impondo pressão, se defendeu com tranqüilidade e atacou com oportunismo.

Precisando vencer por um gol de diferença para levar a decisão para os pênaltis, o Olimpia lançou-se ao ataque desde o início e sufocou o São Caetano. Logo nos primeiros cinco minutos, os paraguaios já haviam chegado com perigo ao gol de Silvio Luiz em pelo menos duas oportunidades. Aos 13, em cobrança de falta executada violentamente por Isasi, a bola tirou tinta do poste direito de Sílvio. No minuto seguinte, Báez colocou a bola a milímetros da trave após receber cruzamento de Orteman. Atônito, o time do ABC só foi assustar Tavarelli aos 20, em um chute de Rubens Cardoso que desviou na zaga e saiu para escanteio.

O São Caetano foi se soltando aos poucos e chegou ao gol num momento em que a superioridade do Olimpia em campo ainda era evidente. Aos 32, Aílton tabelou com Somália na entrada da área e colocou com categoria no canto de Tavarelli, fazendo 1 a 0 e praticamente garantindo o título para o Grande ABC (pelo menos aparentemente).

Quando as coisas pareciam melhorar a favor do São Caetano, um lance de ingenuidade rendeu uma expulsão que acabou ajudando a comprometer o destino do resultado. Aos 43, Benitez entrou forte em Russo na lateral e Jair Picerni se enfiou na confusão formada pelos jogadores paraguaios. Resultado: o árbitro Oscar Ruiz deu cartão amarelo para os dois jogadores e excluiu Picerni do banco de reservas.

Na volta para o segundo tempo, pouca coisa mudou para o São Caetano. Aliás, só piorou. Logo aos 4, Orteman ajeitou com o peito um cruzamento longo mandado para a área e Córdoba bateu cruzado, quase sem ângulo, colocando com precisão no canto de Sílvio Luiz. 1 a 1.

Mal assimilou o gol, o Azulão sofreu outro golpe dez minutos depois, coroando a pressão e o bom momento do Olimpia. Em novo cruzamento na área, desta vez pela esquerda, Orteman e Báez subiram praticamente juntos e tocaram de cabeça sobre Sílvio Luiz. Adiantado, o goleiro do São Caetano só foi pegar a bola desviada por Báez no fundo da rede.

Até o final da partida, o São Caetano manteve-se frio e pouco ousado. Quase sem sofrer riscos, o Olimpia segurou o resultado diante de um adversário apático e aportou à decisão nos pênaltis justamente como queria: cheio de moral.

O ânimo dos paraguaios se refletiu nas cobranças desde a marca da cal. Pela ordem: Enciso, Orteman, López e Caballero foram perfeitos em seus pênaltis. O São Caetano até começou bem. Adãozinho e Marcos Senna converteram os dois primeiros, mas Marlon e Serginho chutaram de maneira idêntica (no meio do gol, alto, por cima do travessão de Tavarelli) e confirmaram a 'maldição do vice'.

Ficha técnica
São Caetano 1 x 2 Olimpia
Estádio: Pacaembu (São Paulo)
Público: 40.000 pessoas
Árbitro: Oscar Julián Ruiz (Colômbia)
Assistentes: Oswaldo Diaz e Eduardo Botero (Colômbia)
Gols: Aílton (São Caetano), aos 31 do 1º tempo; Córdoba (Olimpia), aos 4, e Báez (Olimpia), aos 14 do 2º tempo
Pênaltis: Adãozinho (São Caetano), Enciso (Olimpia), Marcos Senna (São Caetano), Orteman (Olimpia), López (Olimpia) e Caballero (Olimpia). Marlon e Serginho (São Caetano) chutaram para fora
Cartões Amarelos: Cáceres (Olimpia), Benitez (Olimpia), Russo (São Caetano), Quintana (Olimpia), Marcos Senna (São Caetano) e Orteman (Olimpia)
Cartões Vermelhos: Jair Picerni (São Caetano) e Quintana (Olimpia)
São Caetano: Sílvio Luiz; Russo, Daniel, Dininho e Rubens Cardoso; Marcos Senna, Adãozinho, Aílton (Vágner) e Robert (Serginho); Somália e Anaílson (Marlon). Técnico: Jair Picerni
Olimpia: Tavarelli; Isasi, Cáceres, Zelaya e Da Silva; Enciso, Quintana, Orteman e Córdoba (Caballero); Benitez (López) e Báez (Franco). Técnico: Nery Pumpido




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