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Jd.Ipanema estimula doações

No bairro de Santo André, Wilma Carvalho, 57 anos, ajuda famílias e orienta a população sobre os benefícios de doar órgãos

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
11/04/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O Jardim Ipanema, em Santo André, é formado por pequenas residências e poucos comércios. Em meio à vizinhança está instalada a sede do Ipes (Instituto Paulista de Educação em Saúde), inaugurada nesta semana e que luta pela conscientização de vários assuntos relacionados ao tema, especialmente a doação de órgãos e tecidos.

A organização foi fundada em 2000 por Wilma Maria de Moraes Carvalho Rosa, 57 anos, e um enfermeiro. O principal intuito é divulgar e desmistificar a doação. Os esclarecimentos são prestados para pessoas de todas as idades. “Quando começamos a realizar palestras, percebemos as dificuldades em falar sobre o tema. Por isso, começamos a fazer ações recreativas, que envolviam peças de teatro e dinâmicas, por exemplo”, disse.

A entidade ajuda famílias que dependem de doação e também faz encaminhamento dessas pessoas para a fila nacional de transplantes. Quem tem dúvidas sobre ser um doador de órgãos ou de medula óssea também é orientado.

Conforme Wilma, o público que acaba tendo mais dificuldades em relação ao assunto é formado por idosos. “Isso porque eles acabam associando isso com o fim da vida, que, teoricamente, está mais próximo. Fazemos esse trabalho em associações de bairro, igrejas, entidades sociais e na faculdade aberta da terceira idade. O importante é disseminar cada vez mais as informações sobre o assunto”, afirmou.

A sede abrigará futuramente espaço para palestras, uma biblioteca e um bazar. Os atendimentos ao público são realizados aos sábados, mas orientações já são prestadas no local. “Tivemos uma ótima recepção. Muitas pessoas já vieram conversar, tirar dúvidas e se interessaram sobre o tema”, declarou Wilma.

Foi no Jardim Ipanema que ela passou a maior parte da sua infância. Em maio de 1968, quando era criança, Wilma teve contato com a doação de órgãos por meio da notícia do primeiro transplante feito no País.

O tema a impressionou tanto que inspirou uma redação da escola. Ela escreveu: “Um dia, quando as minhas pétalas caírem, gostaria de transferir todo o meu perfume para outras flores.” A frase é o lema da entidade.

Wilma também trabalha na diretoria do CHM (Centro Hospitalar Municipal), onde faz parte da Cidot (Comissão Intersetorial de Doação de Órgãos e Tecidos), formada por funcionários voluntários que conversam com as famílias. “Estamos lutando para que seja instalado no hospital uma organização de procura de órgãos. São pessoas que ficariam lá de plantão o tempo todo e já fariam a captação de órgãos se a família autorizasse. Atualmente, isso tem que ser avisado à central e, depois, vem uma equipe retirar o órgão.”

Mesmo com tanto trabalho, ela não pensa em parar. “Precisamos unificar a nossa atuação para que mais pessoas abracem essa causa. É algo que tem que ser ensinado às crianças na escola, para que entendam que possam salvar vidas.”

Casal produz e vende sorvetes caseiros

O Jardim Ipanema abriga o Parque da Juventude, localizado na Avenida Capitão Mário Toledo de Camargo. O local é frequentado por famílias e também por praticantes de esportes como o skate.

Quem sobe pela travessa, na Rua Natividade, pode experimentar um delicioso sorvete na J e K Sabores. O casal Kássia Fernanda Menezes Bastos, 35 anos, e Evandro Garcia Bastos, 41, faz picolés caseiros e vende no estabelecimento há três anos.

Segundo Kássia, ambos decidiram abrir o negócio após ela fazer um curso de sorvetes caseiros. “Aprendi a fazer os sorvetes em apenas um dia. O processo todo dura de 40 a 45 minutos e faço uma média de 100 picolés”, disse.

Com ingredientes como leite em pó, açúcar, emulsificantes e leite condensado, Kássia prepara os sorvetes em máquina que lembra uma grande batedeira nos fundos do local. No total são 30 sabores diferentes que vão desde lambada até o blue ice, sendo que os preferidos dos clientes são os de milho verde e o de coco.

Para quem compra por atacado, o preço do picolé sai apenas R$ 0,70. Já o pote com dois litros do sorvete de massa custa R$ 15.

“Nasci aqui e passei boa parte da minha infância no bairro. Conheci a minha mulher e casamos, mas quando pensamos em abrir um negócio, me veio o Jardim Ipanema na cabeça. As pessoas que frequentam o parque também ajudam”, disse Evandro.

Além dos sorvetes, o casal também produz salgados como coxinhas e esfihas e aceita encomendas.

Tapioca de Pernambuco faz sucesso

Luzia Gomes de Moura de Araujo, 46 anos, é natural de Vicência, cidade de Pernambuco. Ela cresceu vendo a mãe preparar as tradicionais tapiocas e trouxe a receita de família para o bairro, onde a venda do produto é sucesso.

Ela chegou em Santo André há 26 anos, onde começou a vender tapiocas em casa. “Fazia e saia entregando pelo bairro. Muita gente gostava e vendia bastante. Cheguei a trabalhar em padaria também, mas fiquei conhecida por causa das tapiocas”, disse.

Ela começou a vendê-las em frente a um supermercado na Vila Pires, onde trabalhou por dois anos. Devido ao gosto do público, decidiu abrir comércio no Jardim Ipanema, onde também mora.

São mais de 30 sabores entre doces e salgados, porém, o preferido ainda é o tradicional de coco e leite condensado. Entre os que mais chamam a atenção estão o de kiwi com chocolate e o de morango, banana e creme de avelã. A massa também pode ser comprada por R$ 7.

São cerca de 40 tapiocas vendidas por dia, mas, apesar da clientela fiel, ela garante que não tem segredo na massa ou no recheio. “Muita gente me pergunta se há algo diferente na massa, porque ela não é elástica e é bem leve. Não sei por que, mas o que sempre faço é peneirar bem a goma com polvilho doce e colocar na frigideira.”

O tempo que ela leva para fazer cada tapioca não chega a cinco minutos. Os elogios de todos que provam, esses sim, duram bem mais que o tempo de preparo. 




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