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Delegado e informantes sao presos no RJ
Por Do Diário do Grande ABC
13/06/1999 | 17:28
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O delegado Paulo Gil da Rocha e três policiais da 141ª Delegacia de Polícia, em Sao Fidélis, no norte do estado do Rio, foram presos na madrugada de sábado, com três informantes, todos acusados por formaçao de quadrilha. A delegacia ficou interditada por algumas horas, sob guarda da Polícia Militar, enquanto o chefe da Polícia Civil, delegado Carlos Alberto D'Oliveira, e o corregedor Paulo Gomes nao chegavam à cidade. "Nao compactuamos com esse tipo de comportamento", afirmou D'Oliveira. A Corregedoria investiga ainda denúncias de corrupçao e tortura.

O detetive Haroldo Domingos Sodré, o carcereiro Emilson Teixeira e o escrivao Marco Aurélio da Silva foram presos em flagrante na delegacia pelo promotor do município vizinho de Itaperuna, Marcelo Lessa Bastos, que investigava acusaçoes contra Rocha, de tortura e abuso de poder. O promotor encontrou presos ilegalmente três caminhoneiros, que disseram estar sendo extorquidos pelos policiais.

Na delegacia, Bastos descobriu espingardas e pistolas sem registro, além de armas de fabricaçao caseira com cano serrado. Na gaveta do delegado, havia placas de carros roubados, um revólver sem registro, touca ninja e máscara de carnaval. "O uso desse tipo de material é indício de que se trata de um grupo de extermínio", afirmou o promotor.

O promotor começou a investigar o delegado Rocha na quinta-feira, depois que recebeu a ligaçao da mae de um foragido da Justiça de Itaperuna, o agente penitenciário Geraldo Sávio, acusado de toturar um preso. "Ela contou, muito nervosa, que Rocha havia estado na casa dela, roubado as roupas do filho e ameaçado a família", disse o promotor. "Segundo ela, o filho estava escondido na mata e só se entregaria para mim".

Bastos foi ao encontro do agente penitenciário. Ele contou que o sogro havia sido torturado pelo delegado. "O sogro dele apanhou, foi algemado e ameaçado com uma arma na cabeça, mas nao denunciou Sávio", afirmou o promotor.

O juiz da 2ª Vara Criminal, Glaucenir Silva Oliveira, concedeu mandado de busca e apreensao ao promotor, que revistou a delegacia. "As roupas de Sávio estavam no gabinete de Rocha" disse Bastos, que teve de arrombar todas as salas da delegacia, já que os detetives se recusavam a entregar as chaves.

O delegado foi preso numa rua próxima à 141ª DP. Ele estava acompanhado de um informante que dirigia um BMW e portava uma pistola de uso da Polícia Civil. O promotor acredita que o delegado, os policiais e informantes façam parte de um grupo de extermínio.

"Os policiais vao responder a processo criminal, por formaçao de quadrilha e processo administrativo, que pode culminar com demissao sumária", afirmou o chefe da Polícia Civil, Carlos Alberto D'Oliveira. O delegado e os outros policiais foram transferidos ontem para uma prisao especial, o Ponto Zero, em Benfica, zona norte do Rio.




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