Hoje é dia santo para católicos de todo o Brasil. A Igreja convida os fiéis para celebrar a festa de Corpus Christi, criada em 1246 em louvor à solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, presentes na Eucaristia. Para comemorar a data, as paróquias do grande ABC convocam a comunidade para a tradicional confecção do tapete de serragem, usado para a passagem de Jesus, na hóstia santa, durante procissão. A Diocese espera receber mais de 100 mil pessoas nas 90 paróquias da região. O feriado, mesmo para que não acompanha os festivos religiosos, é um bom programa para ser feito em família. No chão, artistas desconhecidos assinam verdadeiras obras de arte.

Os preparativos começam logo pela manhã, quando os paroquianos se reúnem para enfeitar as ruas e pedir bençãos a Cristo. Em São Caetano, a Paróquia São Francisco inicia os trabalhos às 5h. Segundo a coordenadora Maria Bernadete da Rocha Lima, é preciso começar cedo para que tudo fique pronto até a missa, às 16h. “O trabalho é realizado de maneira manual e com material doado pela própria comunidade. Além de serragem, costumamos usar café e pétalas de rosas”, conta. O resultado é surpreendente: no chão, desenhos do rosto de Cristo encantam a população pela perfeição de detalhes.

Em Santo André, os católicos também devem acordar cedo. O bispo da região, Dom Nelson Westrupp, participa, às 10h30, da celebração organizada pela Catedral do Carmo, no centro da cidade. A expectativa da matriz é receber cerca de 10 mil pessoas.

Turismo religioso – O tapete de Corpus Christi é tradição antiga dentro da Igreja Católica. Em muitos países, porém, o costume foi esquecido e, atualmente, Brasil e Portugal são, praticamente, os únicos que incentivam a festa popular. Na região, o trabalho da comunidade da Paróquia São José, de Ribeirão Pires, merece destaque. Há 40 anos, centenas de pessoas se reúnem para desenhar mais de mil metros de tapete. De acordo com o pároco Pietro Cerantola, o trabalho revela às pessoas a importância das mensagens de Jesus. “Este ano, vamos abordar diversos temas, como a Campanha da Fraternidade, que propõe a inclusão efetiva dos deficientes físicos na sociedade”, diz.

Para o padre Cerantola, a confecção do tapete também serve como oportunidade para unir pessoas. “É muito bonito ver a população trabalhar em harmonia por um objetivo comum. Não há idade, classe social nem mesmo religião que impeça que a população participe ou mesmo assista aos preparativos”, diz. Além da matriz de Ribeirão Pires, dezenas de outras paróquias, das sete cidades da região, preparam a festividade na manhã de hoje. À tarde, os padres convidam para a celebração da missa e procissão pelas ruas. Antes de sair de casa, porém, é preciso conferir a programação.