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Câmara de Santo André aprova por unanimidade CPI do caso Craisa
Leandro Laranjeira e Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
03/05/2006 | 07:33
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Por unanimidade, a Câmara de Santo André aprovou terça-feira a instauração da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do caso Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), suspeita de irregularidades na licitação para entrega de merendas e que culminou com a vitória da Gib Locações. A comissão – que terá 45 dias para apurar as denúncias, com possibilidade de prorrogação de prazo por mais 45 dias – terá nove vereadores, um de cada partido. Apenas PL (Luiz Zacarias) e PTB (Dinah Zekcer) ficaram de fora porque os dois parlamentares fazem parte da Mesa Diretora da Casa.

Alguns vereadores, tanto de oposição quanto de sustentação, confirmaram que a CPI foi aberta após as denúncias publicadas com exclusividade pelo Diário. Especialmente, a acusação sobre o secretário de Governo, Mário Maurici de Moraes. A empresa Profilm Transportes, que forneceu transporte de merenda para a Prefeitura por cinco anos, o acusa de pedir propina para a campanha de reeleição de João Avamileno em 2004. A empresa acredita ter sido prejudicada na licitação por não ter contribuído na campanha, que na época era coordenada por Maurici.

"Já na primeira vez que o Vladimir (Rossi, superintendente da Craisa) veio à Câmara, ele não deixou claro alguns pontos, o que é comum. Mas neste intervalo de tempo surgiram novas denúncias que precisam ser apuradas. Acredito que temos matéria suficiente para fazer uma boa CPI", afirma o governista José Montoro Filho, o Montorinho (PT).

Mudança – Diferentemente do que acontecera no início do ano, quando os parlamentares recuaram com relação à abertura de uma comissão para investigar convênio entre o Poder Executivo e a ONG Acqua na área da Saúde, desta vez os 21 integrantes da Casa assinaram o documento.

No entanto, a unanimidade só foi conseguida no final da sessão de terça-feira, no início da noite. Pela manhã, a base de sustentação protocolou um requerimento com 12 assinaturas (o mínimo necessário são sete) para a abertura de CPI. A atitude irritou a oposição, que vinha afirmando desde a semana passada que pediria a comissão para apurar o caso. Os oposicionistas disseram tratar-se de uma manobra política. "Condeno a atitude porque eles descumpriram um acordo que tínhamos na Casa", afirmou Paulinho Serra (PSDB). Segundo o tucano, a sustentação deveria ter apresentado o documento a todos os vereadores antes de protocolá-lo. "Acredito que o objetivo fosse também o de investigar, mas é claro que partindo deles o mérito maior de passar tudo a limpo ficaria com o governo", reclamou o tucano. "Foi uma clara manobra para ver se conseguiriam desarticular a bancada de oposição", acusou Carlos Raposo (PV).

A situação defendeu-se. "Eles (oposição) sempre falam que vão fazer (CPI) e não fazem. De repente fazem, por isso vou dizer que é manobra? Na legislação é o seguinte: aquele que dorme sempre é prejudicado. Nós acordamos mais cedo", rebateu Antonio Leite (PT), líder de governo na Câmara.

Donizeti Pereira, representante do PV, também sustentação na Casa, também criticou o outro lado. "Primeiramente, não foi uma decisão tomada hoje (terça-feira). Além disso, quero desafiar qualquer membro da bancada de oposição a dizer quando e como me procuraram para falar de CPI. Em momento algum isso aconteceu. Assim, se não conversaram comigo não podem dizer que passei na frente deles", defendee-se.

Somente no final do dia, após reunião fechada no plenarinho, onde os vereadores fazem os acordos e decidem os rumos das votações, chegou-se a um consenso de juntar os dois requerimentos e apresentar um único documento com a assinatura de todo o colegiado. "O resultado foi muito bom. Essa composição mostrará à população que nenhum dos lados está se omitindo em investigar e apurar as denúncias direcionadas ao processo licitatório da Craisa", comentou Heleni de Paiva, escolhida pela bancada petista para representar a legenda na CPI.




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