Política Titulo Carbono 14
Polícia Federal realiza busca e apreensão na sede do Diário

Lava Jato colhe dados de suposto empréstimo;
dono do jornal é detido e nega irregularidades

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
02/04/2016 | 07:00
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Marina Brandão


A PF (Polícia Federal) cumpriu mandado de busca e apreensão de documentos ontem pela manhã na sede do Diário. A ação é referente à 27ª fase da Operação Lava Jato, denominada Carbono 14, que investiga origem e destino de suposto empréstimo feito pelo Banco Schahin a pedido do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O empresário Ronan Maria Pinto, proprietário do jornal, e o ex-secretário geral do PT Silvio Pereira tiveram prisões temporárias (de cinco dias) decretadas pelo juiz Sérgio Moro e foram levados à Curitiba para prestar esclarecimentos. Ronan nega irregularidades e disse que sempre se colocou à disposição das autoridades (leia nota completa abaixo).

Seis agentes da PF chegaram à sede do periódico, na Rua Catequese, no Bairro Jardim, por volta das 6h. Funcionários só foram autorizados a ingressar ao prédio pelos policiais três horas depois do início da operação e, mesmo assim, dois andares tiveram acesso bloqueado. Os agentes deixaram o jornal aproximadamente meio-dia, mesmo horário que dezenas de jornalistas saíram da frente do Diário.

O MPF (Ministério Público Federal) acusa Ronan de ter recebido R$ 6 milhões dos R$ 12 milhões de empréstimo requisitados por Bumlai junto ao Banco Schahin para, de acordo com a denúncia, comprar o Diário, em 2004. Promotores acreditam que o dinheiro serviria para quitar dívidas do PT. Em depoimento à Justiça, o pecuarista revelou ter havido fraude na quitação desse empréstimo e que a verba teria sido utilizada para pagar dívidas de campanha do PT em Campinas, no Interior. Para o MPF, o empréstimo foi pago em 2009, quando a Schahin foi contratada pela Petrobras para operacionalizar o navio-sonda Vitória 10.000 por R$ 1,6 bilhão. Ronan sempre negou ter recebido dinheiro de Bumlai.

Ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT), Silvio Pereira, conhecido como Silvinho Land Rover (em alusão a um carro de luxo que ganhou de presente de uma das prestadoras de serviço da Petrobras), é acusado pelo MPF de ter recebido R$ 1,1 milhão em propina de empresas investigadas pela Operação Lava Jato – a OAS e a UTC. O dinheiro foi depositado pelas empreiteiras às empresas DNP Eventos e Central de Eventos e Produções, ambas com Silvio Pereira no quadro societário. Sérgio Moro indicou que as companhias “aparentam não ter estrutura compatível com o recebimento desses valores”.

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o jornalista Breno Altman, que trabalha no site Brasil 247, foram alvo de condução coercitiva – quando são obrigados a depor. Delúbio prestou esclarecimentos na sede da PF em São Paulo, enquanto Altman esteve na PF em Brasília. O nome de Breno Altman já apareceu nas investigações do escândalo do Mensalão, de 2005, pela proximidade com o PT. Em sua página no Facebook, ele criticou a condução coercitiva, afirmando que “investigação em curso, no entanto, poderiam ter sido tomadas através de intimação regular, com data e horário determinados pelas autoridades”.


LEIA ÍNTEGRA DA NOTA DIVULGADA PELO EMPRESÁRIO RONAN MARIA PINTO:

Há meses reafirmamos que o empresário Ronan Maria Pinto sempre esteve à disposição das autoridades de forma a esclarecer com total tranquilidade e isenção as dúvidas e as investigações do âmbito da Operação Lava Jato, assim como a citação indevida de seu nome. Inclusive ampla e abertamente oferecendo-se de forma espontânea para prestar as informações que necessitassem.

Mais uma vez o empresário reafirmará não ter relação com os fatos mencionados e estar sendo vítima de uma situação que com certeza agora poderá ser esclarecida de uma vez por todas.

Solicitamos à imprensa atenção a essa nota e mais seriedade e sobriedade na apresentação do empresário, assim como nas informações e afirmações que vêm sendo feitas e divulgadas. Todas as denúncias que o envolveram ao longo dos anos foram ou estão sendo investigadas e Ronan Maria Pinto vem sendo defendido e absolvido. A mais recente, uma sentença de primeira instância, onde houve condenação, encontra-se em grau de recurso.




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