Nesta terça, um dos sequestradores do aviao da Indian Airlines deixou a aeronave para iniciar as negociaçoes com altos funcionários da India, segundo informaçoes de testemunhas em Kandahar, no Afeganistao. Os seqüestradores pediram US$ 200 milhoes e a libertaçao de 35 guerrilheiros muçulmanos presos, em troca das 160 pessoas que estao a bordo do aviao que está estacionado em Kandahar (Sul do Afeganistao), informou um ministro indiano nesta terça-feira.

Os seqüestradores do aviao da Indian Airlines tinham dado um ultimato nesta segunda, ameaçando matar todos os passageiros imediatamente caso o líder religioso sunita, Maulana Masud Azhar, nao fosse libertado. Em conversaçoes pelo rádio, em Kandahar, onde o Airbus-300 com 160 pessoas a bordo está ateerrissado desde sexta-feira, os terroristas aceitaram rever o prazo inicialmente estipulado para o início das negociaçoes.

Além da pressao dos seqüestradores, os negociadores enfrentam o cansaço do governo Taliba, no comando do Afeganistao. De acordo com o ministro das Relaçoes Exteriores Wakil Ahmed Muttawakil, os líderes milicianos advertiram que se as autoridades da India nao chegarem a um acordo com os terroristas, empregarao a ``força para fazer com que o aviao se vá'. Felizmente, os milicianos nao fixaram uma data limite.

Houve forte tensao no momento em que se esgotou o prazo decretado pelos seqüestradores nesta segunda. Soldados de forças especiais permaneceram a postos próximo ao aviao, segundo o porta-voz do Taliba, Rehmatullah Aga, mas se retiraram ao ver que a ameaça nao seria cumprida.

Os milicianos disseram que estavam dispostos a invadir o aviao se o seqüestradores cumprissem a ameaça de matar os passageiros. As autoridades advertiram aos terroristas que nao será tolerada qualquer açao sangrenta em território afegao.

Há informaçoes de que entre os cinco terroristas estao três cidadaos da Caxemira, um afegao e um nepalês.

A aeronave, que apresentava um vazamento de óleo, nao tem mais condiçoes técnicas para voar e corre um risco muito grande de cair, caso um novo vôo seja efetuado. Acredita-se que haverá uma tentativa de convencer os seqüestradores a trocar de aviao.

Neste domingo, o coordenador da ONU para o Afeganistao, Eric Mul, entrou na aeronave e conversou com os seqüestradores, que libertaram mais um refém em sinal de boa vontade. O seqüestro já dura mais de 72 horas. Desde sexta-feira, cerca de 160 passageiros estao vivendo sob ameaça. Um rapaz de 25 anos, que voltava da lua de mel com sua noiva, que ainda está como refém, foi morto a punhaladas.

Segundo uma das reféns libertadas, os seqüestradores pediram que todos os passageiros fechassem os olhos e abaixassem a cabeça. Depois todos os homens foram levados para a primeira classe e um dos seqüestradores disseram que iriam matar o rapaz. Os criminosos amarraram as maos da vítima, puxaram seus cabelos e começaram a esfaqueá-lo.

Dentro do aviao, a condiçao dos reféns piorou nesses três dias. Milicianos do Talib, que enviaram alimentos aos passageiros por uma pequena abertura na frente do aviao, informaram que o ar na cabine ``está muito ruim'. As janelas permanecem fechadas e os motores acesos. Há informaçoes de que os passageiros têm de permanecer com os olhos fechados o tempo todo.

O aviao foi seqüestrado nesta sexta-feira, quando ia do Nepal para a India. Pouco depois de decolar com 189 pessoas entre passageiros e tripulaçao, a aeronave foi tomada por cinco homens e já teve seu destino desviado várias vezes. Até a manha desta segunda-feira, apenas 28 reféns foram libertados.

A companhia Indian Airlines informou neste domingo, que será aberto em Katmandú, a capital do Nepal, uma investigaçao sobre uma possível negligência dos serviços de segurança no país.

Entre os passageiros, há informaçoes de que a maioria das pessoas é indiana. No entanto, no vôo também estao quatro espanhóis, quatro suíços, um canadense, um belga, um italiano, um americano, um japonês e quatro cidadaos do Nepal.