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João Pedro deixa fase crítica para trás

Transplante completa 100 dias e exames apontam produção integral de células do doador

Camila Galvez
do Diário do Grande ABC
20/07/2014 | 07:04
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Celso Luiz/DGABC


 O beijo que o pequeno morador de São Bernardo João Pedro Kleim Lorenzoni Silva, 2 anos, manda na foto para mim e para você é a prova de que ele renasceu. Após pouco mais de 100 dias do transplante de medula óssea, realizado no dia 28 de março como única esperança de cura para a síndrome de Wiskott-Aldrich, o guerreiro deixa para trás a fase crítica do procedimento. Prova disso é o resultado do quimerismo, exame que aponta o percentual de células do doador sendo produzidas no corpo de João Pedro. O mais recente alcançou 100%.

As notícias são boas, mas a mãe do garoto, a professora Luciana Lorenzoni, 32, diz que cuidados ainda são necessários. “O sistema imunológico não está totalmente maduro, por isso, evito que ele tenha contato com pessoas doentes.”

Isso não é impedimento, porém, para os passeios diários no parquinho do prédio onde a família vive, no bairro Taboão. Com um sorriso no rosto, o menino corre, brinca no escorregador e no balanço e mostra que, apesar de tudo o que enfrentou, continua ativo e animado. “O João Pedro não ficou abatido. Ele é um guerreiro, está sempre contente. Nem parece que passou por tudo isso”, emociona-se a mãe.

Com a liberação do médico, a família preparou uma festinha de aniversário para o menino no dia 29 de junho. Com o tema do desenho animado Thomas e Seus Amigos, que ele adora, não faltou motivo para comemoração entre amigos e familiares. João Pedro só queria saber do pula-pula, onde brincou sem se cansar. Para tirar foto ao lado dele só com muita paciência, pois o pequeno não queria sair do brinquedo de jeito nenhum. “No próximo ano queremos fazer a festa num buffet. Visitamos alguns e a primeira coisa que ele quer ver é o pula-pula”, brinca o pai do menino, o operador de máquinas Jeferson Aparecido Silva, 39

TRATAMENTO
Por enquanto, as visitas semanais ao Hospital Sírio-Libanês, na Capital, onde foi realizado o transplante, continuam. Os exames são repetidos com regularidade para acompanhar o desenvolvimento das células do doador no corpo de João Pedro.
Dos 13 remédios que ele ingeria assim que recebeu alta do hospital, sete ainda são necessários, entre eles o imunossupressor que evita a rejeição do transplante de medula, conhecida como doença do enxerto x hospedeiro.

A expectativa de Luciana é que após seis meses do transplante, no fim de setembro, o garoto possa ser revacinado, procedimento necessário após a destruição total do sistema imunológico dele por meio de fortes doses de quimioterapia, como parte da preparação para o transplante.

Mesmo diante da complexidade do procedimento, Luciana acredita que, se tivesse de passar por tudo de novo, faria sem hesitar. “Chegar aos 100 dias foi uma vitória. O que digo para as famílias que têm crianças nesta situação é: se aparecer o doador, faça o transplante. Tive muito medo de tudo o que poderia dar errado e, se tivesse outra opção, não faria. Mas ver que ele está bem é a prova de que tomamos a decisão correta em relação ao futuro do nosso filho.”

Vacinação será realizada apenas com vírus mortos

As vacinas que o menino João Pedro deve tomar novamente após seis meses da realização do transplante de medula são aquelas que contém vírus mortos, sem risco de contaminá-lo. Quem explica é a pediatra e imunologista do Ambulatório de Infecções de Repetição da Faculdade de Medicina do ABC Anete Sevciovic Grumach. “O risco de reações, neste caso, é menor.”

A única imunização que João Pedro não irá receber é a BCG, dada aos recém-nascidos para prevenir a tuberculose. A médica explica que, neste caso, a bactéria utilizada está em estado atenuado, mas pode causar complicações no pós-transplantado, por isso, não deve ser aplicada.

A médica avalia que a fase mais crítica do procedimento foi superada pelo menino. “Ele teve uma boa pega, que é o mais importante. Agora é administrar para evitar doenças e garantir que o sistema imunológico se fortaleça, o que ocorre aos poucos, em processo que varia para cada paciente.”




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