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Solidariedade motiva líderes comunitários

Nos bairros periféricos de Sto.André, Diadema e Mauá, personagens assumem compromisso de levar demandas da população ao poder público

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
03/03/2019 | 07:00
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Montagem/DGABC


 No Jardim Santo André, em Santo André; no Jardim Amália, em Diadema; ou no Jardim Zaíra, em Mauá. A qualquer hora do dia ou da noite, eles estão disponíveis para auxiliar a população. São líderes comunitários, que se dedicam a ajudar as pessoas dos seus bairros movidos e motivados pela solidariedade e pelo amor ao próximo.

“As coisas só mudam se a gente for solidário”, afirmou a assistente social Sonia Cristina Augusto, 52 anos. Ela e o marido, o mecânico Luiz Carlos Moraes, 52, lutam há mais de 25 anos pelas demandas do Jardim Santo André. Há quase três décadas, ter uma mulher na liderança da comunidade ainda não era comum. “Muitas vezes precisei me impor e mostrar que não era por ser mulher que não daria conta”, relembrou.

O casal acompanhou os primeiros projetos de urbanização da região, o asfaltamento das ruas, a chegada de unidades de saúde, escolas e creches, sempre buscando informações com órgãos públicos para transmitir à população. “Hoje, a gente batalha para que os barracos que ainda existem sejam substituídos por moradias mais dignas”, explicou Moraes.

“A gente quer fazer uma horta comunitária no terreno onde alguns barracos foram removidos. Dá uso ao espaço, evita novas invasões e ainda pode gerar renda”, destacou Sonia.

A população reconhece a dedicação dos líderes. “A gente vê que, muitas vezes, eles se preocupam mais com os outros do que com eles mesmos”, afirmou o comerciante Paulo Sergio Gonçalves, 47.

A atuação como liderança comunitária começou quase que por acaso para a bancária aposentada Maria Aparecida Gomes, 58, moradora do Jardim Amália, em Diadema. “Me convidaram para uma reunião de moradores. Logo me escolheram para uma comissão de mulheres e, pouco tempo depois, me elegeram presidente”, explicou. Desde 2003, ela está à frente da associação de amigos de bairro, que hoje se chama Clube de Mães do Jardim Amália. As lutas junto à comunidade, na época em que ainda havia o orçamento participativo, resultaram na construção da UBS (Unidade Básica de Saúde) Maria Tereza e da EM (Escola Municipal) Eva Maria. “Em 2011, o projeto incluía também uma sala de ginástica. Demorou, a obra atrasou, ficou parada, mas finalmente, em 2016, conseguimos a UBS para substituir o atendimento que era feito em uma casa, sem as condições ideais”, relembrou.

Sem uma sede para o Clube de Mães, Cida, como é conhecida, realiza na garagem da sua casa a entrega de leite, duas vezes por semana, para 110 famílias cadastradas. “A Cida ajuda todo mundo. O que ela pode fazer para atender aos moradores, ela não mede esforços”, elogiou a assistente administrativo Lucia Helena Mesquita, 40.

No Jardim Zaíra 6, em Mauá, a radialista Isabel Sales, 44 , acompanhou a ocupação do bairro. “Com muita luta a gente conseguiu ter água, luz, asfalto. Eram reuniões e mais reuniões”, relembrou. O bairro ainda sofre sem urbanização, especialmente com moradias precárias e esgoto a céu aberto. Questionada sobre o que a motiva a continuar na luta, Isabel é otimista. “Acredito que o Zaíra 6, apesar de tantas catástrofes (Jardim Zaíra tem sofrido com deslizamentos, que resultaram na morte de quatro crianças em 17 de fevereiro), pode ser palco de alegrias, desde que os governantes enxerguem mais as nossas necessidades.”

 




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