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São Bernardo volta atrás e HC não terá UTI pediátrica

Informação obtida com exclusividade pelo Diário agrava crise na Saúde do município

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
23/12/2014 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A Prefeitura de São Bernardo voltou atrás na decisão de criar leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica no Hospital de Clínicas. A promessa da administração do prefeito Luiz Marinho (PT) era de que a clínica pediátrica do equipamento, com 20 vagas para pacientes com até 16 anos em estado grave, entrasse em funcionamento até o fim deste ano.

A informação reforça o cenário de crise na Saúde infantil do município, denunciado pelo Diário em reportagem publicada na edição de ontem. Segundo as próprias atendentes do PS (Pronto-Socorro) Central da cidade, o equipamento não conta com pediatras para atendimento das emergências aos fins de semana há pelo menos três meses. O problema se repete nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da Vila São Pedro e do bairro Alvarenga, onde há falta dos especialistas em alguns horários.

Conforme apurou o Diário, o PS Central conta apenas com cinco leitos de UTI destinados ao atendimento infantil. Na data da divulgação de balanço de um mês de funcionamento do Hospital de Clínicas, em abril, a secretária de Saúde municipal, Odete Giraldi, destacou que os novos leitos de UTI seriam importantes para ofertar “atendimento de mais qualidade” à população, tendo em vista a existência de “espaço inadequado no PS Central”. A Prefeitura não retornou aos pedidos de entrevista do Diário até o fechamento desta edição.

O presidente do Sindiserv (Sindicato dos Funcionários Públicos Municipais e Autárquicos) de São Bernardo, Giovani Chagas, considera “lamentável que uma cidade importante como São Bernardo passe por situação como esta”. Segundo ele, as crianças são prioridade absoluta, e a falta de pediatras fere este direito assegurado pelo artigo 227 da Constituição Federal.

“Para o Sindiserv, esta falta de médicos é reflexo da não realização de concursos públicos e da terceirização da Saúde em nossa cidade. Com a medida, as contratações são realizadas pela FUABC (Fundação do ABC), cujos incentivos para permanência dos médicos não têm sido eficazes”, considera Chagas. A FUABC não se pronunciou sobre o assunto.

O problema da falta de pediatras no País foi alertado pela SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo) no início do ano. Conforme o documento, o Estado tem 2,7 médicos por 1.000 habitantes e apenas 0,7 pediatra para cada 1.000 habitantes entre zero e 20 anos incompletos, que é a faixa etária de atuação do profissional.

Além disso, houve queda de 55% no número de candidatos ao título de pediatra entre 1999 e 2013. Entre os motivos apontados pela SPSP para o desinteresse pela área estão formação complexa e baixa remuneração em comparação com as demais especialidades. 




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