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Dublê: profissão perigo
Bruna Gonçalves
Do Diário do Grande ABC
04/12/2011 | 07:00
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Capotamento, queda, fogo, luta e atropelamento. Parece loucura, mas é a rotina dos dublês, profissionais que substituem atores em cenas de ação em novelas e filmes. Para não machucar, têm treinamento específico e aprendem técnicas. A profissão exige dedicação, disciplina, coragem e controle, além de prática de esportes e atividades físicas para manter o condicionamento.

Quem quer ser dublê precisa ter a partir de 18 anos e fazer curso, que varia de 2 meses a 1 ano e meio. Não é necessário ter registro de ator, nem se parecer com celebridade, apesar de, às vezes, ajudar na contratação. "É durante o curso que lapidamos o aluno para que perca todos os medos", fala Hélio Febrônio, 43 anos, dublê e coordenador de ação da Águias de Fogo.

O profissional se esforça ao máximo para que tudo pareça verdade. "Quando tem cena em que o carro capota, é porque é real. Dá medo, mas é altamente seguro e satisfatório", afirma Fillipe Dias, 35 anos, dublê há 17. Um de seus últimos trabalhos foi o acidente envolvendo o Antenor (Caio Castro), em Fina Estampa. A gravação demorou três dias. "Um dia foi a capotagem, em que estão envolvidos 80 funcionários. No outro, as cenas dos atores", detalha Fillipe, proprietário da Impacto Dublê, que faz trabalhos para a Globo e participou de filmes como Tropa de Elite 1 e 2 e Velozes e Furiosos 5.

 O cachê do dublê varia de R$ 500 (cenas simples, como briga) a R$ 50 mil (capotagem). Para os profissionais, o mercado está em crescimento, mas privilegia homens. Dos 40 dublês da Impacto Dublê, cinco são mulheres. "É difícil elas estarem nas cenas de ação."

DE QUEM É O CORPO?

Outro tipo de dublê é a de corpo. Neste caso, não precisa gostar de adrenalina. Por conta da gravidez de Luana Piovani, 35, a modelo Camila Macedo, 28, está fazendo o dublê de corpo da atriz na série A Mulher Invisível, da Globo. Esta é a primeira experiência da modelo na telinha. "É simples. Gravo cenas em que aparecem a barriga, costas e perfil. Nunca mostro o rosto", diz Camila, que se sente privilegiada. "Ser comparada a Luana é elogio."

Serviço - Águias de Fogo (Rua Francisco Gomes da Costa, 18, Pirituba), em São Paulo. O curso dura um ano e meio (aulas nos fins de semana). Valor: R$ 250 por mês. Informações: 3462-0186.

 

Dá para emprestar a voz -  Além de corpo, também é possível ser dublê de voz. O trabalho é feito em estúdios de gravação e conta com a ajuda de diretores e técnicos. Para exercer a profissão é preciso ter a partir de 18 anos e ser registrado como ator. Concentração, boa dicção e saber respirar junto com o personagem são exigências da profissão. Para a dubladora Luciane Baroli, 30 anos - que faz a Bella, na saga Crepúsculo - a maior dificuldade no começo é interpretar. "É preciso seguir um ritmo. Com o tempo vai pegando o jeito."

Engana-se quem pensa que os dubladores recebem o texto antes de ir ao estúdio. "Normalmente nunca se sabe muito sobre o personagem. A não ser que seja de série que já esteja fazendo", comenta Luciane, que adora ‘ser' a Bella. " Normalmente pedem para falar alto no microfone e essa personagem tem voz suave." Os dubladores ganham pelo que chamam de anel, que corresponde a 20 minutos de gravação de voz. Em média, um protagonista chega a receber R$ 90 por hora.

 

CURSOS

Universidade de Dublagem - (Rua General Góis Monteiro, 624, Vila Madalena), em São Paulo. Curso é de dois meses e meio. As inscrições terminam dia 12. Valor: R$ 2.500. Informações: 3672-4328.

Central Du Brasil -  (Rua Delfina, 354, Pinheiros), em São Paulo. O curso dura 1 ano e as inscrições vão até janeiro. Valor: R$ 1.400 (por módulo de três meses). Informações: 3814-6458.

 

Atores que fazem de tudo - Enquanto alguns atores exigem dublês, outros dispensam. Taylor Lautner quis fazer as cenas de ação de Sem Saída. Tom Cruise também fez as cenas de todos os longas de Missão Impossível. Eles correram riscos, pois até os profissionais podem se dar mal. Recentemente um dos dublês de Os Mercenários 2 morreu em cena e outros dois ficaram feridos.




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