São Bernardo e Diadema passam a exigir dos servidores públicos que se imunizem contra a Covid-19, sob risco de demissão. Seguem assim exemplo que foi dado por Mauá e pela Câmara de São Caetano, as pioneiras do Grande ABC na medida. Trata-se de iniciativa corajosa – e necessária. O respeito à ciência deve nortear as diretrizes públicas. Ainda que haja resistência de determinada parcela da sociedade e algum desgaste político para os gestores responsáveis pela implantação da exigência, os bônus superam em muito os ônus.

Homens públicos possuem o dever de atuar como guardiões do iluminismo. Ainda mais em tempos bicudos como os atuais, onde o acirramento da disputa política consegue arrebanhar com facilidade ouvidos incautos propensos a aceitar charlatanismo como se fosse conhecimento. Ressaltar verdades óbvias, como a importância da vacina na história da humanidade, é necessário. Daí estarem certos os prefeitos e presidentes de Câmara que usarem a caneta de que dispõem, conferida pela população por meio do voto, para exigir que os funcionários estejam imunizados.

O novo coronavírus, em seu implacável processo de disseminação pelo globo, prestes a completar dois anos, impôs sofrimento e desgraça à humanidade. Que a sociedade reaja com a mesma força na implantação de barreiras capazes de estancar a proliferação do micro-organismo. Se for preciso descontentar um ou outro obscurantista, que assim seja – as futuras gerações hão de perdoar a atual por isso.

Estão de parabéns os prefeitos Orlando Morando (PSDB) e José de Filippi Júnior (PT). Um tucano e um petista, de espectros políticos completamente distintos, a demonstrar que saúde pública não é caso de disputa pelo poder, mas de respeito pela sociedade – cujos interesses ambos juraram proteger e defender quando assumiram os seus respectivos mandatos, em São Bernardo e Diadema. Que todas as demais cidades do Grande ABC passem a exigir servidores vacinados. Não existe mais espaço para negacionistas no século XXI.