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Alter do Chão: o Caribe brasileiro de água doce
Por Da AJB
30/09/2004 | 10:29
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Praias do rio Tapajós, lagoas de águas quentinhas e cristalinas, Floresta Amazônica nativa. Estamos falando de Alter do Chão para quem não conhece. Trata-se de uma vila balneária que é distrito de Santarém, no Pará, a Pérola do Tapajós. Não ajudou muito? Tudo bem: vale é saber que o lugar abusa do direito de ser lindo.

Chegar lá já é uma aventura: em Belém, pega-se um avião ou - muito melhor, se você tiver dois dias disponíveis - barco para Santarém. De lá para Alter do Chão, duas opções: a mais sem-graça, que é pegar 35 km da rodovia PA-457; ou encarar três horas de barco - aí, sim, está servido um banquete para os olhos. De entrada, a beleza do rio Tapajós, que, caprichoso, resiste em misturar suas águas cristalinas com o barrento Amazonas por vários quilômetros.

Consumado o casamento entre os dois gigantes da Amazônia como pajens, botos seguem de perto nossa viagem, que, de quando em quando, toma emprestado o horizonte para fazer de margens. Mas, na maior parte do tempo, é o verde que domina a paisagem singular.

Casas de palafitas enchem de simplicidade os povoados suspensos, com direito a igrejinhas de tábuas azuis, currais e escolas. Aqui e ali, o gado, que, nadando (!) com desenvoltura, parece já estar acostumado com tanta água. Sem falar nos pássaros - estes, um show à parte. A algazarra de cores, tamanhos e trinados torna quase obrigatória uma pausa na viagem para desligar o motor e simplesmente ouvir. De preferência, bem à tardinha, hora em que os bichos parecem estar de volta à casa, depois de mais um dia de trabalho.

Alter do Chão (nome herdado de uma vila portuguesa, por ordem do Marquês de Pombal, no século XVIII) já está chegando, e, com ela, a visão do Lago Verde, um preciosismo do Tapajós: de águas quentes e límpidas, é um apelo ao mergulho, e rende ao lugarejo o apelido carinhoso de Caribe de Água Doce. No verão, o rio Tapajós e o lago fazem surgir uma barra fluvial com cerca de 1 km, chamada de "ilha" pelos habitantes da vila.

É no lago, também, que se trava o primeiro contato com o povo de Alter do Chão. Visitante, ali, é acolhido com sorrisos largos de gente simples, que tem a sabedoria de viver sem pressa. A hospitalidade é herança, talvez, dos borari, tribo indígena que antes habitava o local e era de paz - ao contrário dos de Santarém, agressivos e imbuídos de sanguíneo espírito guerreiro.

Pois é essa gente acolhedora que prepara a piracaia. Uma loucura: peixe fresquinho assado na brasa e, depois, salgado. Acompanham a deliciosa farinha nortista, molho de pimenta e cachaça. Mas é para comer com a mão, sentado em esteiras estiradas na areia. Depois, um líquido com ervas aromáticas remove num instante qualquer resíduo da comida, perfumando o ar com cheirinho de mato.

O ritual é cumprido ao redor de uma fogueira, enquanto se assiste a exibições de danças locais, carregadas de crendices e representadas com orgulho pela população. A vontade que dá é de ficar por lá mesmo, com os pés espichados na areia fina e branca. Mas, coragem: ainda há muito o que se ver em Alter do Chão. Como as belas praias de água doce durante o período de estiagem, de julho a setembro, quando o rio Tapajós deixa à mostra quase 100 km lineares de praias ao longo de ambas as margens.




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