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Gasolina tem sexto aumento neste ano

Na região, litro encarece R$ 0,25 hoje e chega a até R$ 5,39; etanol sobe R$ 0,20 e, diesel, R$ 0,13

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
09/03/2021 | 00:02
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Marcelo Camargo/Agência Brasil


Pela sexta vez no ano, a Petrobras anunciou que a gasolina vai ficar mais cara. A partir de hoje, o derivado do petróleo encarece R$ 0,25 na bomba, e o litro pode chegar a R$ 5,39 em postos do Grande ABC. O diesel terá sua quinta alta em 2021, com acréscimo de R$ 0,13, e o litro do tipo S10 vai a até R$ 4,59. Desde o início do ano, a gasolina acumula incremento de 54% nas refinarias, enquanto o diesel disparou 41,6%.

Para se ter ideia, conforme os dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) levantados pelo Diário, nos primeiros dez dias de 2021 o valor médio da gasolina era de R$ 4,31 e, na semana passada, R$ 4,93 – peso adicional de R$ 0,62 no bolso do consumidor. O diesel saía por R$ 3,75 e, agora, R$ 4,07 na média – R$ 0,32 a mais.

A estatal alega que o alinhamento dos preços ao mercado internacional é fundamental para garantir que o mercado brasileiro siga sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros refinadores, além da Petrobras. “Esse mesmo equilíbrio competitivo é responsável pelas reduções de preços quando a oferta cresce no mercado internacional, como ocorrido ao longo de 2020.”

Ontem, o barril de petróleo Brent, usado como parâmetro aos preços dos combustíveis, pela primeira vez desde o início da pandemia, ultrapassou US$ 70 – há poucos dias, por exemplo, era vendido a US$ 60. A disparada da matéria-prima da gasolina e do diesel se deu após o Senado norte-americano ter aprovado pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão e de grupo do Iêmen ter atacado instalações de petróleo na Arábia Saudita com drones e mísseis. Ao mesmo tempo, o dólar, ontem encerrou cotado a R$ 5,78.

Ao mesmo tempo, diante da maior demanda como alternativa aos preços nas alturas da gasolina, o etanol – cuja principal insumo, a cana-de-açúcar, fica R$ 0,20 mais caro na bomba. O combustível renovável, que desde o início do mês rompeu a barreira dos R$ 4 em alguns postos da região, pela primeira vez, agora pode chega a R$ 4,29. Justamente esse aumento deixa o preço da gasolina mais salgado, devido ao álcool anidro em sua composição, de 27%, senão, o incremento seria de R$ 0,17.

De acordo com dados da ANP, nos primeiros dez dias de 2021, o valor médio do litro do etanol no Grande ABC era de R$ 3,09 e, na semana passada, já estava em R$ 3,68, ou seja, incremento de R$ 0,59, ou 19%.

Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), os valores do etanol refletem a realidade do mercado na busca de um equilíbrio entre oferta e demanda. “Por ter livre flutuação, a precificação é afetada, entre outros fatores, pelo período da entressafra de cana-de-açúcar (que termina no mês que vem), pela recomposição operacional dos estoques das distribuidoras, pelo valor da gasolina e pelas cotações do dólar e do petróleo no mercado internacional.”

Segundo o presidente do Regran (sindicato dos postos da região), Wagner Souza, ele nunca viu cenário semelhante, compostos por tantas altas e em tão pouco tempo. “É um absurdo, o consumidor e o revendedor não suportam mais”, assinala.

GASOLINA A R$ 6

Na avaliação do professor da Fipecafi Estevão Alexandre, nesta toada, até o meio do ano a gasolina vai atingir custo inédito de R$ 6. “E o pior é que esses aumentos em série vão começar a pesar na inflação, pois, apesar do lockdown, muita gente trabalha na rua e precisa abastecer para transportar pessoas e produtos. O reajuste vai chegar ao supermercado e vai impactar os preços dos alimentos”, afirma.

Para ajudar a tirar a pressão do dólar, ele explica que o Banco Central pode intervir, para segurar as altas, ou elevar a taxa básica de juros, o que ele defende que deva acontecer na próxima reunião do Copom.

Questionado sobre a possibilidade de a Petrobras mudar a política de preços, ele avalia como pouco provável. “A empresa tem economia mista, tendo como seu maior acionista o governo, que não vai querer ficar no prejuízo se alterar a paridade com o dólar.” 




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