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Daee retira 26 mil caçambas de lixo e de entulho dos piscinões da região

Autarquia do Estado diz que os 19 reservatórios do Grande ABC estão com pelo menos 93% da capacidade livre

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
12/10/2020 | 07:07
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André Henriques/DGABC


De janeiro a setembro deste ano, o Daee (Departamento de Água e Energia Elétrica), autarquia do governo do Estado, retirou 26,7 mil caçambas de entulho e de sedimentos do desassoreamento – lixo, lodo, areia, terra e sedimentos geral – dos 19 piscinões do Grande ABC. O volume corresponde a 133.500 metros cúbicos de sujeira em mais de 8.300 viagens de caminhões basculantes. A manutenção, segundo a autarquia, deixou os reservatórios com 93% da capacidade livre para suportar a temporada de chuvas que começa nas próximas semanas.

As ações de limpeza, segundo o Daee, não foram paralisadas em razão da quarentena, pelo contrário, foram intensificadas conforme a necessidade. Alem da retirada da sujeira, 312.500 metros quadrados de vegetação foram capinados em trabalho que custou R$ 24,6 milhões aos cofres públicos.

Mesmo com a manutenção nem todos piscinões estão em boas condições. A equipe de reportagem percorreu alguns reservatórios na região e encontrou problemas, como mato alto e sujeira, o que pode dificultar o escoamento da água.

O piscinão da Paulicéia, em São Bernardo, pode armazenar cerca de 380 mil metros cúbicos de água e, atualmente, está com 98% da capacidade livre. Porém, o local parece abandonado. O mato alto toma conta de muitas partes do reservatório, além de lixo acumulado perto das saídas de água.

Na mesma região, o piscinão ao lado da Faculdade de Medicina, já em Santo André, tem 120 mil metros cúbicos de espaço para armazenamento, está com 99% da capacidade livre, mas com cenário bem parecido com o da Paulicéia.

Em Mauá, no piscinão Petrobras, no bairro Capuava, a situação era diferente. Nesta semana, no dia em que a equipe de reportagem visitou o local, equipes estavam trabalhando na limpeza. Caminhões eram abastecidos várias vezes com o acúmulo da sujeira que estava no solo.

Questionado sobre a limpeza nos reservatórios da região, o Daee explicou que, com relação ao piscinão de São Bernardo, uma escavação foi feita em março e a próxima será neste mês. A última capinação ocorreu em junho e a próxima deve acontecer em novembro. Em Santo André, em fevereiro e maio houve, segundo a autarquia, escavações e capinações que serão reforçadas neste mês. No piscinão Petrobras, segundo o Daee, a limpeza é contínua e as capinações foram feitas em julho e a próxima prevista para novembro.

MUNICIPAIS

Em Santo André, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou que mantém cronograma de limpeza e manutenção periódica em todos os equipamentos que compõem o sistema de drenagem na cidade.

“Os serviços de limpeza, capina e roçada são realizados, em média, cinco vezes por ano”, declara a autarquia. O município conta com cinco piscinões municipais: Jardim Bom Pastor, Vila América, Homero Thon, Santa Teresinha e Jardim Irene.

A administração andreense reforçou que irá construir novo piscinão para resolver o problema histórico de enchentes na Vila América. O reservatório estava programado para ser instalado sob o Parque Ana Brandão, mas a Prefeitura está refazendo estudo antes de iniciar as obras. “A Prefeitura irá construir novo piscinão na Vila América, em local ainda a ser definido. Até o fim do ano serão finalizados os estudos que irão definir onde este reservatório será instalado – se no Parque Ana Brandão ou em outra área da região”, disse a administração, em nota.

Em São Bernardo, a Prefeitura destacou que a limpeza dos piscinões é realizada duas vezes ao ano. No entanto, agentes municipais inspecionam os equipamentos constantemente para verificar a necessidade de manutenção e reforço na limpeza.

São Caetano, Diadema e Mauá informaram que é o Daee que se encarrega de realizar manutenção dos reservatório localizados nas cidades.

Jaboticabal só deve virar realidade em 2022

O Daee (Departamento de Água e Energia Elétrica), responsável pela construção do Piscinão Jaboticabal, nos limites dos municípios de São Paulo, São Bernardo e São Caetano, informou que aguarda a liberação do financiamento pela Caixa para assinatura do contrato e concluir desapropriações na área. Com isso, a previsão inicial de que tudo estaria pronto em agosto de 2021 será adiada. A expectativa agora é que, se a obra começar até dezembro, seja entregue na metade de 2022.

A licitação foi vencida pelo Consórcio Rac Jaboticabal, composto pelas empresas Passareli Engenharia e Construção Ltda e Planova Infraestrutura Eirelli. “A construção do reservatório é uma demanda histórica da região e foi retomada pela atual gestão, que já entregou a documentação exigida e licitou a obra”, informou o Daee.

Com objetivo de amenizar as enchentes na região dos ribeirões dos Couros e dos Meninos, próximos à Via Anchieta, as intervenções terão investimento de R$ 304,1 milhões e capacidade de armazenamento de 910 mil metros cúbicos de água, sendo o maior piscinão do Estado. O Daee assegura que o reservatório terá interligação com outros piscinões da região, com o intuito de trazer eficiência no escoamento de águas pluviais. Sua construção é tema de debate há dez anos, mas ganhou força após as cheias de março de 2019, que resultaram na morte de dez pessoas na região.

Estudo da USCS desaconselha piscinão no combate às cheias

Estudo realizado em fevereiro deste ano por especialistas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e divulgado pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS), apontou que os piscinões são insuficientes para combate efetivo às enchentes. Segundo a pesquisa, trata-se de modelo corretivo e não preventivo a um problema que historicamente assola o Grande ABC.

Para os especialistas, a drenagem urbana tem como base dois modelos de enfrentamento aos transtornos causados pelas chuvas: a retenção de água no local, ou seja, quando o combate é realizado na própria cidade, ou aquele que transfere para outras áreas e municípios. Atualmente, a região apresenta como solução essa transferência para outras regiões com a rede de piscinões.

O gestor do curso de arquitetura e urbanismo da USCS e pesquisador do Conjuscs, Enio Moro Júnior acredita que é possível buscar alternativas mais econômicas. “Esse pensamento de que o piscinão é a principal solução é um engano. É um buraco concretado muito grande que, fora o período de chuvas, não dá para aproveitar de nenhum jeito”, observa o especialista, que indica opções mais econômicas como poços de infiltrações em terrenos públicos ou privados – estruturas que armazenam água para absorção natural pelo solo –, jardim de chuva, que são pequenas áreas verdes em calçadas que possibilitam a absorção da água da chuva, e telas protetoras de bocas de lobo, para evitar entupimento. “Baixa tecnologia e, principalmente, de baixo custo, que em conjunto funcionariam muito bem”, avalia.

Enio Moro sugere adaptações para o projeto do Piscinão Jaboticabal para que a população possa usar o espaço. “No local onde será o piscinão, por exemplo, deveriam preencher o espaço com um belo parque, áreas verdes, para que as pessoas possam aproveitar em outros momentos. Em épocas de chuva, claro, o parque seria fechado e destinado apenas ao piscinão”, finaliza.
 




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