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Argentina: Saques passam a 1.500 pesos/mês; devoluções devem começar em março
Por Do Diário OnLine
09/01/2002 | 00:08
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O governo de Eduardo Duhalde deve anunciar nesta quarta-feira as flexibilizações que são esperadas há dias para a restrição aos saques bancários, o impopular 'corralito'. Os correntistas poderão retirar das contas em que são depositados salários um limite de 1.500 pesos por mês (no limite de 375 pesos por semana). Para as demais contas e para os comerciantes autônomos, o limite passa a 1.200 pesos/mês – sendo que estes últimos poderão sacar toda a quantia de uma só vez. Quando o 'corralito' foi criado, ainda na gestão dos demissionários Fernando de la Rúa (ex-presidente) e Domingo Cavallo (ex-ministro da Economia), o limite de saques foi estabelecido em mil pesos/mês – 250 pesos por semana.

O atual ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, deve anunciar ainda o cronograma de devolução dos depósitos. Os pesos retidos nas poupanças devem voltar aos argentinos a partir de março. Os depósitos em dólares devem ser devolvidos a partir de julho. Segundo a edição on-line do jornal El Clarín, depósitos até US$ 5 mil ou 5 mil pesos seriam devolvidos entre 90 e 180 dias.

Mais do que a flexibilização dos saques, interessa à população saber quando será devolvido o dinheiro que foi confiado aos bancos, muitas vezes antes mesmo dos 43 meses de recessão. Logo que assumiu, o populista Duhalde garantiu que devolveria aos correntistas todos os depósitos bancários, respeitando a moeda em que entraram nos bancos – dólares devolvidos em dólares e depósitos em peso garantidos em moeda argentina.

Mesmo com o anúncio de flexibilização nas restrições, o sistema bancário e cambial argentino está longe de voltar à normalidade. A princípio, os bancos e casas de câmbio estariam liberadas para funcionar integralmente nesta quarta-feira. Mas o Banco Central da República Argentina (BCRA), no final da tarde de terça, decidiu estender o feriado bancário até quinta-feira, por conta da indefinição sobre como vai funcionar o sistema de câmbio duplo, que vale desde segunda-feira.

A restrição no funcionamento dos bancos – que só funcionarão nesta quarta para pagamento de salários e pensões, cobranças de impostos e serviços, depósitos de cheques, saques em pesos dentro do limite vigente e transferências em moeda argentina – e a proibição ao trabalho das casas de câmbio mascara o real nível de desvalorização do peso frente ao dólar no mercado paralelo.

Sem os bancos e as casas de câmbio, o mercado negro está concentrado na mão dos doleiros. A cotação oficial, controlada pelo governo, estabelece que US$ 1 custa 1,40 peso, mas esse valor vale essencialmente para transações externas do próprio governo. Nas ruas, o dólar oscila entre 1,50 peso e 1,60 peso – índice de desvalorização esperada por Lenicov e sua equipe. Mas no pagamento de dólares em cheque, os cambistas de Buenos Aires pediam 1,80 peso para a venda de US$ 1.

A flexibilização no 'corralito' pode também elevar a cotação paralela do dólar. Dotados de mais pesos nas mãos, os correntistas poderiam correr às casas de câmbio e às mesas dos bancos para comprar dólares, demanda que estouraria o preço da moeda americana e depreciaria ainda mais o dinheiro argentino. Assim, os argentinos repetiriam uma praxe dos bancos e grandes investidores no mercado financeiro: a corrida pelo 'hedge', a proteção na moeda forte. O secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernández, disse nesta terça-feira à edição on-line do jornal Ambito Financiero não esperar que isso aconteça.

A intenção declarada pelo governo é fazer com que, em um futuro próximo (90 ou 180 dias), os câmbios oficial e livre se fundam e oscilem – o mais perto possível da cotação de 1,40 peso.




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