O ouvidor Antônio Funari Filho espera receber a denúncia formal da manicure para encaminhar a ocorrência à Corregedoria. Railda disse que na segunda-feira vai formalizar a queixa. Caso seja comprovado abuso de poder por parte dos PMs Adeildo de Barros da Silva e Kléber de Oliveira, eles poderão ser suspensos e até expulsos da corporação. A expulsão, no entanto, é pouco provável, já que o delito não é considerado gravíssimo pela Polícia Militar. A apuração dos fatos denunciados pela manicure deve ser concluída em até 45 dias a contar da data de abertura do inquérito.
"Toda denúncia que chega até a Ouvidoria é devidamente apurada. Até mesmo porque somos um órgão independente. Por isso, é importante que a população denuncie quando se sentir prejudicada. Só assim, será possível diminuir os casos de abuso de poder", afirma o ouvidor Antônio Funari. Embora não queira entrar em detalhes sobre o episódio envolvendo a manicure do Grande ABC, o ouvidor achou estranho as conseqüências da prisão de Railda. "Tendo como base o teor da reportagem do jornal, acho que faltou bom senso. Um problema da área da educação não poderia terminar na delegacia", opina.
Os policiais alegaram que só prenderam a manicure porque ela não teria apresentando a carteira de identidade e ainda havia tentado sair da unidade escolar. "Não existe lei que obrigue as pessoas a andar com os documentos. Os policiais poderiam ter levado a mãe até a sua casa, já que ela mora bem próximo à escola", completa o ouvidor.
Já a Corregedoria da Polícia informou que a apuração deste caso pode ser realizada pelo comando da Polícia Militar do Grande ABC, que tem autonomia para investigar o episódio, já que todas as partes envolvidas são conhecidas. O comando da PM, por sua vez, disse que se a manicure procurar a polícia será recebida reservadamente e sua solicitação será devidamente apurada.
Volta – Um dia depois de ser impedida de entrar na EE Ayrton Senna da Silva, a aluna J.C. regressou aos estudos normalmente. Ela tem freqüentado as aulas desde quinta-feira. Ela afirma que a direção não a procurou para esclarecer o assunto. Por outro lado, ela foi obrigada a suportar calada algumas piadas sobre o episódio no qual sua mãe foi protagonista. "Teve um aluno que me disse no primeiro dia: ‘Lá vem a filha da cadeieira (sic.)", contou a estudante.
A cena em que sua mãe é levada detida dentro do camburão, segundo a adolescente, não sai de sua cabeça. "Foi muito humilhante. Eles (policiais) mandaram minha mãe calar a boca na frente de todo mundo. E disseram ainda que ela seria presa por bem ou por mal. Tudo poderia ser resolvido na conversa. Mas não, eles foram bastante agressivos", diz a estudante.
Aluna da 8ª série, J.C. divide seu tempo no colégio com a tarefa de cuidar de outros três irmãos enquanto a mãe trabalha no salão de cabeleireiros. "Como sou viúva, ela (filha) e o irmão mais velho são meu braço direito. Não tenho o que reclamar de meus filhos", enfatiza a manicure, mãe de cinco filhos.
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