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Empreendedorismo salva Textilcooper da falência
Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
09/07/2006 | 08:06
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Quando arrendaram as instalações e o maquinário da antiga fábrica de cobertores Randi, em 2001, os 102 cooperados da Textilcooper mal sabiam o que era cooperativismo. Naquele instante, manter a indústria funcionando era a única alternativa para quem não estava disposto a engrossar as estatísticas de desemprego do Grande ABC. Desde então, a cooperativa de Santo André esteve perto de baixar as portas definitivamente pelo menos três vezes, mas resistiu bravamente às intempéries, ou à falta delas, e hoje – a despeito dos problemas que ainda enfrenta – prepara-se para levar seu nome à América do Sul.

Mérito dos atuais 82 cooperados presididos por Loide da Silva Veiga. Ela entrou na Randi em 1984, mesmo ano em que o fundador da empresa, Hélio Felício Randi, morreu. Naquela época, a Randi era conhecida pela qualidade de seus cobertores, mas a abertura da economia aos importados, nos anos 1990, esfriou as vendas da empresa – que, mesmo após permanecer em concordata, não se reergueu. “Foi aí que os proprietários sugeriram que abríssemos a cooperativa. Não havia opção: ou assumíamos o negócio ou iríamos para a rua”, recorda-se.

Com apoio da Unisol (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários), entidade de apoio ao cooperativismo ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a Textilcooper iniciou suas operações em janeiro de 2001, mas o negócio demorou para deslanchar. “Faltava experiência na condução da cooperativa. Além disso, uma seqüência de invernos pouco rigorosos atrapalhou as vendas”, lembra Loide. O balanço de 2003 sugeria o fechamento da fábrica, porém os cooperados decidiram mantê-la. “A maioria deles tinha mais de 30 anos, família e filhos. Fechar a Textilcooper seria um desastre”, recorda-se.

A virada começou em 2004, graças ao bom desempenho da economia e ao inverno mais frio daquele ano. Por conta disso, as vendas subiram de R$ 1,74 milhão em 2003 para R$ 3,58 milhões no ano seguinte. Também foi em 2004 que Loide foi erguida à presidência da cooperativa. “Eu nunca me imaginei no comando de uma fábrica. Mas o curioso é que, quando tive de assumi-la, apareceram qualidades em mim que eu sequer imaginava que tivesse”, ressalta.

Como o mercúrio do termômetro, que sobe e desce ao sabor da temperatura, a Textilcooper voltou a ter dificuldades no ano seguinte. Com o inverno quente, clientes cancelaram pedidos, a receita despencou e a ameaça de fechamento rondou novamente a fábrica. Foi então que a cooperativa recebeu a doação de um tear circular para produção de malhas avaliado em R$ 250 mil, que permitiu à Textilcooper diversificar o mix de produtos, com a fabricação também de itens para o verão. Além disso, a cooperativa foi contratada por uma tecelagem para realizar serviços terceirizados.

O resultado? O faturamento saltou para R$ 4,04 milhões em 2005. Atualmente, as vendas possibilitam retiradas de R$ 430 a R$ 1,5 mil por mês e a previsão, para este ano, é de expansão de 15%. “A fábrica só se salvou devido ao esforço de todos”, diz Loide, mostrando que conhece bem os princípios do cooperativismo.




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