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Tunisiana acusa Chirac de minimizar violações humanitárias
Da EFE
04/12/2003 | 12:25
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A advogada tunisiana Radia Nasraoui, em greve de fome há 51 dias, acusou o presidente francês, Jacques Chirac de "minimizar as violações dos direitos humanos" em seu país, "onde a tortura é um meio de Governo". O relato foi feito nesta quinta-feira enquanto o presidente francês realiza uma visita de Estado à Tunisia.

"Essas palavras me surpreendem, porque todo o mundo sabe que os direitos humanos são pisoteados na Tunísia", declarou a advogada à emissora "France-Info".

O presidente francês comentou o caso da advogada e pediu que "seja resolvido o mais rápido possível", mas lembrou que "na França, também temos pessoas que se declaram em greve de fome, que a fazem e que continuarão fazendo".

"Se o primeiro dos direitos humanos é poder comer, receber educação e assistência médica, é preciso reconhecer que a Tunísia está na frente de outros países. Sem dúvida, sobre este assunto dos direitos humanos, cada um tem seus próprios critérios", concluiu o líder francês.

Para a advogada tunisiana, "antes de dar tais declarações é preciso comprovar o mínimo das informações que são fornecidas e se realmente todos os tunisianos podem comer e têm acesso à saúde". Além disso, considerou "o direito à liberdade e à dignidade fundamental para qualquer pessoa".

Nasraoui acrescentou que na Tunísia "o direito à diferença não é respeitado e continuam ocorrendo as torturas até a morte por causa de uma opinião, pois a tortura é um meio de Governo". "O fato de ter evocado o meu caso e isto ser positivo, eu não nego, mas estamos todos tristes, pois as violações dos direitos humanos na Tunísia são tão graves que não podem ser ignoradas, fechar os olhos, e muito menos pelo presidente de um país como a França", declarou.

De Paris, o primeiro secretário do Partido Socialista, François Hollande, também reprovou Chirac e seu "conceito minimalista dos direitos humanos" e lembrou que estes "não são negociáveis".

"Considerar que a Tunísia está avançando no acesso à alimentação, à saúde, à educação e inclusive à moradia, não dispensa a exigência de democracia", acrescentou.

Os médicos da advogada tunisiana, que deixou de se alimentar no dia 15 de outubro em protesto contra a perseguição da qual diz ser vítima por sua denúncia de tortura e defesa dos direitos humanos e dos "presos de opinião" na Tunísia, avaliam que ela está em um "perigo iminente".

Chirac cumpre nesta quinta-feira o segundo dia de sua visita de Estado, no qual está previsto um novo encontro a sós com o presidente tunisiano e, no final da tarde, uma entrevista coletiva.

No último dia 2, o Governo tunisiano voltou a desmentir que tenha pressionado Radia Nasraoui.




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