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Família obtém direito a canabidiol na Justiça

Jovem de S.Bernardo melhora após tomar remédio à base de substância derivada da maconha

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
25/01/2015 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Guilherme Costa, 16 anos, ganhou vida nova há cerca de cinco meses. Diagnosticado com síndrome de West, forma de epilepsia de difícil controle, o morador do Jardim das Orquídeas, em São Bernardo, chegou a ter até 300 convulsões por semana. No entanto, desde dezembro o jovem não sofre com as crises características da doença graças à ação do CBD (Canabidiol), substância derivada da maconha, obtida por meio de medicamento que ele ingere desde agosto.

Além de comemorar as melhorias na saúde do filho, a dona de casa Daniela de Oliveira Costa, 34, tem outro motivo para celebrar: a conquista na Justiça, na quinta-feira, do direito de receber o medicamento gratuitamente. A decisão do juiz federal Marcio Martins de Oliveira corresponde à tutela antecipada e determina que União, Estado e município forneçam, no prazo de 30 dias, o produto ou valor correspondente sob pena de multa diária no valor de R$ 1.000.

A conquista significa economia de cerca de R$ 7.000 por mês para a família com a importação das seis seringas do produto, necessárias para 30 dias. O medicamento foi liberado pelo Conselho Federal de Medicina sob prescrição médica em dezembro e retirado da lista das substâncias proibidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em janeiro.

Antes disso, Daniela obteve autorização da Anvisa para a compra do remédio mediante prescrição médica em agosto de 2014. “Demora dois dias para chegar da Califórnia, mas o problema é o custo. A gente contava com a ajuda de familiares e amigos para conseguir comprar”, explica.

A advogada da família, Fabiola Cintia Lima Rocha, destaca que a principal dificuldade no processo foi a novidade do tema. “É uma vitória. Foi preciso muita pesquisa com base em estudos internacionais. Apesar de a ação ainda não ter sido finalizada, o juiz entendeu que o medicamento é importante para a vida do Guilherme”, diz. Há registros de famílias que conquistaram o fornecimento gratuito do remédio em Goiás e também em Sorocaba, no interior do Estado.

VIDA NOVA

Sentado na cadeira de rodas enquanto recebia refeição, Guilherme sorriu ao observar a movimentação na sala de sua casa e se virou para a câmera fotográfica, encantado. Impressionada, Daniela destacou que a cena difere do comportamento anterior do garoto. A interação com o ambiente e com as pessoas não foi a única mudança na vida do simpático jovem da periferia. Desde que passou a receber o canabidiol, ele também alterou hábitos alimentares ao incluir novos itens às refeições. “Estamos falando em qualidade de vida para a família toda”, ressalta a mãe.

O neurologista da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Rubens Wajnsztejn explica que o medicamento consegue inibir as descargas difusas dos neurônios e, com isso, diminuir a intensidade de crises epiléticas em até 70% dos casos. O especialista acompanha 12 pacientes que fazem tratamento com a substância.




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