A indústria automobilística puxou a produção no início do ano para se preparar para demanda maior no último mês com redução parcial de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Com os estoques altos, algumas marcas podem prolongar os descontos de veículos faturados antes do dia 31, como estratégia para manter o mercado aquecido.

Oficialmente, montadoras ainda não comentam a possibilidade. Mas o recurso já foi usado a partir de setembro do ano passado, quando foi iniciada a retomada da cobrança gradual do imposto federal. A tributação voltaria ao normal em dezembro, mas o governo decidiu prorrogá-la para o fim de março para veículos flexíveis - que representam cerca de 90% dos carros e comerciais leves vendidos no País .

No último final de semana, a General Motors, por exemplo, realizou feirão em sua fábrica, em São Caetano, em que buscou atrair consumidores com desconto em dobro do IPI. A empresa considerou as vendas satisfatórias, principalmente no domingo, quando não choveu.

No último mês de vantagem fiscal, a indústria se prepara para vendas que, provavelmente, serão recordes. O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Jackson Schneider, afirmou que as perpectivas são boas, mas não quis antecipar números.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o setor fechará este mês com 310 mil unidades comercializadas. Se confirmada a projeção do ministro, será recorde histórico.

O estoque de 259.289 veículos nas fábricas e concessionários duram 35 dias no atual ritmo de vendas de 12 mil unidades por dia. Em dezembro, o estoque estava programado para atender ao mercado por 30 dias.

"Nós consideramos adequado estoque de 28 até 30 dias", afirmou o presidente da Anfavea. "A produção maior pode refletir alguma estratégia dos fabricantes para aproveitar o último mês de benefício fiscal."

A produção de autoveículos cresceu 28,3% no primeiro bimestre deste ano em relação ao de 2009. Entre janeiro e fevereiro de 2010, foram fabricados no País 499,5 mil unidades contra 389,3 mil do mesmo período do ano passado. Com a aceleração, o estoque também cresceu.

Para Schneider, com a retomada integral do IPI, o mercado deve se acomodar em abril. "Muita gente antecipará a compra para aproveitar o desconto. Assim, é normal que as vendas se acomodem num patamar mais baixo em seguida."

Caso haja redução das vendas a partir de abril, restará ao consumidor torcer por promoções que a concorrência entre as marcas certarmente forçará.