Economia Titulo Santo André
Vendas despencam no camelódromo

Comerciantes alegam que movimento é apenas 10% do conseguido nas ruas de Sto.André, apesar do PAC

Por Michele Loureiro
Do Diário do Grande ABC
18/02/2009 | 07:00
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O investimento de R$ 2 milhões, vindo do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para centralizar o comércio informal de Santo André não agradou os comerciantes informais da cidade. Eles reclamam de uma queda de 90% no faturamento.

Em funcionamento há sete meses, o Boulevard Itambé, no Centro de Santo André, abriga 133 boxes. Segundo os trabalhadores, o local, que fica próximo a Estação da CPTM, é movimentado, mas não atrai consumidores por falta de divulgação. "As pessoas não sabem que nós existimos. Quase 90% passa direto para a Rua Coronel Oliveira Lima, e o restante segue para o ABC Plaza Shopping. Não temos mais como continuar aqui", desabafou o proprietário de um dos boxes do boulevard, Manoel Reis de Jesus.

O comerciante lembra que, em dias bons, faturava mais de R$ 200 trabalhando nas ruas centrais da cidade. Atualmente, garante, é comum voltar para casa sem nenhuma venda. "Não estamos reclamando sem motivo. Queremos o direito de lutar pelo nosso sustento", comentou.

Mesmo com uma estrutura moderna e espaçosa, os antigos camelôs não estão satisfeitos com o local. "Nem tudo que brilha é ouro", desabafou a comerciante Benedita Miguel dos Santos.

Há 24 anos trabalhando com a barraca de cachorro quente, Armelinda Silva garante que esta é a pior fase. "Vendia cerca de 300 lanches por dia, atualmente não vendo nem 30 e dependo da ajuda do meu filho para comprar comida", enfatizou.

Insatisfeitos com o boulevard, os comerciantes montaram a Acirsa (Associação dos Comerciantes Informais das Ruas de Santo André). "Nós estamos em contato com a Prefeitura e com a Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) - que coordena o comércio informal na cidade - em busca de soluções. Não queremos mais ficar no boulevard, mas há uma lei que nos impede de sair daqui", destacou o presidente da associação, João de Sá.

O diretor operacional da Craisa, Rogério Barreto Maria, afirma que a situação não é boa no local. "Realmente o número de vendas desabou, porém estamos em busca de soluções para trazer os consumidores ao local. Estamos em contato com a Prefeitura para que seja refeita a entrada do local, já que alguns boxes impedem que os consumidores vejam o boulevard. Também vamos propor maior divulgação. Porém, não temos como simplesmente abandonar o local e deixar que os comerciantes voltem às ruas", afirmou.

ASSOCIAÇÕES - O presidente eleito da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Sidnei Muneratti, afirma que o comércio formal da cidade não pode arcar com a volta dos camelôs. "É uma questão que envolve toda a população. Eles precisam trabalhar em um marketing de divulgação. Mesmo com a crise, o salário mínimo aumentou, o Bolsa Família continua sendo pago e os consumidores das classes C e D ainda tem recursos, basta saber para onde direcioná-los na hora das compras", destacou.

Hélio Farber, presidente da Sol (Sociedade Oliveira Lima) que representa os comerciantes da região central da cidade, garante que o retorno dos camelô para a região central é inviável. "Respeitamos o trabalho deles, mas não é justo que a população tenha que desviar de barracas na rua e que os comerciantes que pagam os devidos impostos tenham que driblar a concorrência com os camelôs", ponderou, "os comerciantes informais precisam encontrar soluções para melhorar as vendas ao invés de querer abandonar o investimento", finalizou.

Como forma de manifestação, o Boulevard Itambé fica fechado amanhã e os comerciantes informais seguem, as 14h30, para a Câmara Municipal de Santo André, onde vão tentar acertar uma decisão com os vereadores.




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