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Em Mauá, gestante espera nove horas para ter bebê

Criança prematura dependia de UTI neonatal, porém, não havia leitos vagos em 2 hospitais

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
02/07/2014 | 07:01
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A pequena Lavínia tinha pressa de conhecer o mundo, mas os entraves da Saúde pública só permitiram sua chegada após a mãe, a auxiliar de loja Vanessa Alves da Silveira Araújo, 28 anos, de Mauá, esperar por sofridas nove horas para conseguir uma vaga em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal, já que a bebê nasceria prematura.

Com 34 semanas de gestação (oito meses), a bolsa da jovem rompeu por volta das 7h na sexta-feira. Vanessa deu entrada no pronto atendimento do serviço de obstetrícia do Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini às 8h22, quando se iniciou a maratona. “Quando cheguei não tinha médico para me examinar, pois todos estavam fazendo partos. Só consegui ser atendida às 10h30 e estava com dois centímetros de dilatação”, conta.

Ela soube, então, que não havia vaga na UTI neonatal da unidade e tampouco no berçário, ambos com capacidade para dez crianças. Sendo assim, teria de ser encaminhada para a Santa Casa de Mauá. A liberação para o encaminhamento da paciente só aconteceu às 17h20. “Passei o dia todo com contrações, sentada naquelas cadeiras duras e, quando enfim conseguiram me transferir, nem cadeira de rodas tinha, tive que descer do 4º andar até o estacionamento com muita dor”, lembra.

Ao chegar na Santa Casa, Vanessa relata que só deu tempo de preencher a ficha. “Cheguei praticamente ganhando a bebê, nem precisei fazer muita força. Quando minha filha nasceu, a enfermeira disse que ela estava com dificuldades para respirar, devido ao sofrimento que passou querendo nascer e não conseguindo.”

Lavínia veio ao mundo de parto normal, pesando 2,535 quilos e está na UTI semi-intensiva da Santa Casa, com alta marcada para hoje.

Procurado para comentar o assunto, o Hospital Nardini, por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou a falta de leitos na UTI neonatal e que, por essa razão, pediu a transferência à Santa Casa durante todo o dia, mas só ao fim da tarde obteve retorno. A nota ressaltou também que durante o período que esteve no hospital, a paciente foi submetida a exames periódicos e recebeu medicações.

Já a Santa Casa informou que, ao fim da manhã, a transferência de Vanessa foi negada também por ausência de leitos na UTI neonatal da unidade, que, assim como o Nardini, possui dez vagas. A liberação ocorreu às 16h30 e às 17h20 a gestante deu entrada no local. Após o nascimento, a criança foi encaminhada para UTI semi-intensiva para avaliação. O hospital afirma que em nenhum momento houve risco para a mãe e o bebê. A Santa Casa frisou ainda que o hospital de referência para partos de risco é o Nardini.




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