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Seis é seis, meia dúzia é meia dúzia

O governador mineiro Aécio Neves, pré-candidato à Presidência, promete mostrar na campanha as diferenças entre o seu PSDB

Por Carlos Brickmann
06/09/2009 | 00:00
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O governador mineiro Aécio Neves, pré-candidato à Presidência, promete mostrar na campanha as diferenças entre o seu PSDB, que comanda a oposição, e o PT do presidente Lula. Ele poderia começar mostrando as diferenças entre o PSDB aecista e o PSDB do governador paulista José Serra, que também quer ser candidato à Presidência; mas prefere o mais difícil, diferenciar-se do PT.

Um bom começo é o ministério: com o PSDB no governo, havia ministros como Reinhold Stephanes, Nelson Jobim, Renan Calheiros. Nos tempos de Lula mudou tudo: o PT tem ministros como Reinhold Stephanes e Nelson Jobim, só que mais velhos. E tem Renan Calheiros como seu grande articulador no Senado.

Passemos ao Congresso. José Sarney, o Moço, era conselheiro do PSDB; já Lula escolheu o conselheiro, José Sarney, o Mais Experiente. Na liderança do governo no Senado não poderia haver personagens mais diferentes: o líder do PSDB, Romero Jucá, que adorava tucanos e detestava petistas, é totalmente oposto ao líder de Lula, Romero Jucá, que detesta tucanos e adora petistas. O Geddel Vieira Lima do PSDB gostava de tucanos e detestava petistas e o PFL; o Geddel Vieira Lima de Lula adora petistas federais, detesta petistas estaduais (que querem disputar o governo baiano contra ele) e gosta do DEM. O senador Romeu Tuma de Lula é paz e amor; o senador Romeu Tuma do PSDB era uma versão diluída daquele que prendia petistas.

São muitas diferenças, governador Aécio. O duro é só conseguir mostrá-las.

SETE DE SETEMBRO
Amanhã, Dia da Independência, sinta-se mais seguro: o Brasil fecha contrato com a França para trazer quatro submarinos, dezenas de helicópteros, o casco de outro submarino. Estarão a caminho 36 caças supersônicos Rafale. E terá sido reconhecida, mais uma vez, a competência de nossas empresas. A França fez questão da Odebrecht como parceira na negociação. E não é que a aprovação do crédito no Congresso saiu em prazo recorde?

NOVE DE SETEMBRO
Mas nem tudo são flores. Na quarta, de acordo com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer, entra em votação a proposta que aumenta em 7.343 o número de vereadores espalhados pelo Brasil. E, claro, não é só isso: há secretárias, assessores, motoristas, contínuos, computadores, xerox, todo aquele aparato sem o qual um vereador não funciona. Há salários, jetons, auxílios. E nos garantem que gastaremos menos.

OS IMORTAIS
Muita gente reclama da indicação do ex-presidente Fernando Collor para a Academia Alagoana de Letras, sem que ele jamais tenha escrito um livro. Como disse o blogueiro Reinaldo Azevedo, poderia ser pior: ele poderia tê-lo escrito. Mas essa história de integrantes da Academia sem grande intimidade com a literatura é uma tradição. O ditador Getúlio Vargas se elegeu para a Academia Brasileira de Letras com a coletânea de seus discursos - que, a propósito, não eram escritos por ele. O general Lyra Tavares, integrantes da Junta Militar que governou o Brasil após o derrame do presidente Costa e Silva, também chegou lá - mas ele, pelo menos, tinha publicado poemas, com o sugestivo pseudônimo Adelita (Aurélio de Lyra Tavares). Sem obra literária de peso, tornaram-se imortais. Mas todos eles já morreram.

DOS OUTROS
Comentário impecável do jornalista Augusto Nunes sobre Collor na Academia (http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/): "José Sarney é imortal desde 1980. Em setembro do ano passado, Lula assinou o acordo ortográfico na Academia Brasileira de Letras e informou no meio do discurso que, entre todos os romancistas, Machado de Assis é o preferido. Na quarta-feira, Fernando Collor ganhou uma vaga na Academia Alagoana de Letras - e a imortalidade regional. "Talvez tenha sido enfim localizado o traço comum que conseguiu cauterizar feridas, revogar ressentimentos e transformar três ferozes desafetos em amigos de infância: a paixão pela literatura".

RELIGIÃO, SÓ A OFICIAL
Atenção: funcionários da prefeitura de Campinas, no interior de São Paulo, vêm atrapalhando o trabalho religioso de um salão de umbanda. Já aconteceu de tudo: os documentos enviados à prefeitura (há protocolos) sumiram, um vizinho agrediu os participantes do culto a pedradas, houve quem riscasse os carros dos fiéis. A prefeitura tentou impedir o funcionamento do salão, alegando que havia movimento demais na rua; e culminou lacrando portas e janelas do local. Detalhe a ser observado: o salão fica nos fundos de uma loja, que jamais recebeu tamanha fiscalização. Os cultos terminam no máximo às 22h, e portanto não perturbam o sono de ninguém. O principal problema parece ser antigo: religiões de matriz africana são classificadas como superstições que a polícia deve erradicar. E as autoridades que deveriam garantir a liberdade religiosa silenciam.




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