Cerca de 1,2 mil policiais militares ocuparam nesta segunda-feira, por tempo indeterminado, as favelas da Rocinha e do Vidigal, na Zona Sul do Rio de Janeiro, além de avenidas das redondezas. Até agora, em decorrência de tiroteios registrados nesta manhã na Rocinha, dois bandidos não identificados morreram, elevando para dez o número de vítimas desde sexta.

Com a dupla morta foi apreendida uma pistola. Apoiados por outros contigentes de PMs, os grupamentos destacados para realizar incursões nos morros estão revistando barracos e suspeitos, numa operação intitulada ‘Varredura’. Na entrada da favela do Vidigal, na avenida Niemayer, 40 PMs revistam todos os carros que descem o morro.

À tarde, segundo reportagem da GloboNews TV, um helicóptero do Grupamento Aero-Marítimo (GAM) da PM que sobrevoava o morro de São Carlos foi alvo de disparos de traficantes. Um soldado que estava na aeronave, forçada a fazer um pouso de emergência, ficou ferido por estilhaços e um capitão foi machucado no peito. Os dois passam bem.

Além de helicópteros, policiais da guarda florestal foram chamados para ajudar a vasculhar a área de mata fechada, onde estariam escondidos traficantes.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio, primeiramente 900 PMs se dividiriam em três turnos na ocupação, mas a resistência à ocupação fez o órgão reforçar o efetivo em mais 300 homens. Cerca de 90 oficiais da Polícia Civil e do Bope (Batalhão de Operações Especiais) também realizarão incursões nas favelas em busca de traficantes, armas e drogas.

Início - Os conflitos armados nas imediações da maior favela da América Latina tiveram início na sexta, quando traficantes do morro do Vidigal tentaram ocupar a favela vizinha, para assumir os pontos de comércio de drogas. Na ocasião, uma mulher foi baleada na cabeça e dois moradores atingidos.

No domingo, a oitava vítima dos confrontos entre traficantes e policiais morreu. Um morador da favela da Rocinha identificado como Divino Alves Cláudio, 44 anos, estava na varanda de uma casa quando foi atingido por uma bala perdida.

A invasão de sexta foi organizada pelo bandido Eustáquio de Araújo, conhecido como Dudu, que controla o trafico no morro do Vidigal e obedece ordens de Márcio Nepomuceno dos Santos, o Marcinho VP, ex-comandante do tráfico no Complexo do Alemão. O objetivo de Dudu é tirar do comando da Rocinha Luciano Barbosa, conhecido como Lulu, seu antigo parceiro de tráfico.

Até agora, três homens foram presos. Domingo de manhã foi detido o traficante Pedro Arthur de Faria, 44 anos, conhecido como 'Cuca' ou 'Dioscar', apontado como um dos principais chefes do tráfico no Vidigal. Em seguida, dois homens acusados de pertencerem à quadrilha de Lulu foram localizados. Antônio Carlos Moreira da Silva, 41, e Antônio Francisco Bonfim Lopes, 27, estavam escondidos em uma casa.