Política Titulo
Governo desiste de votar a reforma política neste ano
10/03/2004 | 00:17
Compartilhar notícia


A reforma política não será mais votada este ano, como era desejo do Palácio do Planalto e de boa parte dos parlamentares. Diante da reação dos aliados do PL, PTB e PP, que decidiram obstruir a pauta de votações da Câmara em protesto contra a reforma que lhes dificultaria a sobrevivência política, o PT e o governo recuaram. Bastou o anúncio da obstrução para que o líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), com o apoio do governo, derrubasse a urgência da reforma retirando sua assinatura do requerimento que garantia a tramitação acelerada da proposta.

A tática dos três menores partidos da base governista, que fecharam questão para se verem livres da reforma política, foi decidida nesta terça-feira, em almoço na casa do líder e presidente do PL, Valdemar da Costa Neto (SP). Além do PL, PTB e PP, os líderes contavam com o apoio do PDT e PSL, contabilizando 152 deputados.

Recado – Ao mesmo tempo em que decidiram apelar para a obstrução, os líderes fizeram chegar um recado objetivo ao comando petista. “O PT tem de decidir de uma vez por todas com quem quer se aliar. Ou fica conosco, ou se alia ao PFL e PSDB (partidos de oposição ao governo Lula) em favor da reforma política”, resumiu um deputado experiente que ajudou a articular a rebelião dos pequenos partidos.

A despeito das dificuldades impostas pelas chamadas cláusulas de barreira, como a que vincula a sobrevivência da legenda à obtenção de pelo menos 2% dos votos em cada Estado, o discurso oficial foi outro. Os líderes preferiram tratar de polêmicas como o financiamento público de campanha, considerado inaceitável, especialmente em tempos de denúncias de corrupção eleitoral.

"No país onde falta dinheiro para programas essenciais como o Fome Zero, não podemos aceitar que dinheiro público financie campanha de candidatos a deputado, senador ou governador", disse Valdemar da Costa Neto. A seu ver, o assunto é sério demais para ser solucionado com a adoção de listas partidárias na escolha dos candidatos.

"Teria de haver um plebiscito", sugeriu o líder do PL, para quem a votação em listas de candidatos definidas pelos partidos foge à cultura político-eleitoral do brasileiro. "O povo quer mesmo é votar em pessoas, e não em partidos", avaliou o liberal.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;