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Central das Favelas coleta 78 bolsas de sangue

Ação da Cufa, em São Bernardo, distribuiu kits de alimentos; doações podem salvar até 300 vidas

Por Francisco Lacerda
Do Diário do Grande ABC
21/02/2021 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


 A Cufa (Central Única das Favelas) captou 78 bolsas de sangue em ação realizada ontem, em São Bernardo. A campanha Cufa Sangue Bom, parceria com o hemocentro São Lucas, da Capital, para onde vão as coletas – que serão distribuídas aos hospitais públicos conforme a demanda –, foi realizada no Jardim Las Palmas, bairro da região do Grande Alvarenga, e tinha o objetivo de captar 100 bolsas.

Kits de alimentação e de higiene (álcool gel, máscara, detergente, cedidos por empresários da cidade) foram distribuídos às pessoas que doaram. Houve ainda oito inaptos à doação e cinco desistências.

De acordo com Paulo Pan, 47 anos, fundador da startup HCA, uma das parceiras e responsável pela montagem da estrutura, cada bolsa salva até quatro vidas. “A gente pode dizer que hoje (ontem) salvamos no fim do dia mais de 300 vidas.”

Presidente da Cufa são-bernardense e idealizador do projeto, Alex Camburão diz que o próximo evento deve acontecer entre três e quatro meses. A ideia surgiu quando ele conseguiu “enxergar” a necessidade de doação ao ver a mãe de um amigo precisar de sangue. Ao perceber a dificuldade de o doador se deslocar ao hemocentro, resolveu levar a estrutura até a comunidade.

O apelido, entrega Alex, incorporou desde novo. “Minha voz era muito grossa para o meu tamanho. Então, quando falava alguma coisa, eles (amigos), diziam ‘olha o ronco do camburão’. Pegou.” A intenção agora é realizar a ação nas outras dez células da Cufa no município. “Começamos a ver que precisávamos nos movimentar. Daqui para frente essa ação vai ser pontual.”

Marcivan Barreto, 48, presidente da Cufa de São Paulo, afirma que a central está instalada em 5.000 favelas do País, sendo “mais de 680 só no Estado”. Esse público é o maior apoiador da causa. “Mais uma vez o morador de favela se mostra solidário e mobilizado nesse ato de amor.”

Um desse é Antônio Ferreira de Medeiros, 43, armador na construção civil, que, encorajado pela mulher, virou doador. “Ela me incentivou a vir ajudar o próximo. Quero fazer isso mais vezes.” Já Antônia Videira Benabide, 62, dona de casa, afirma que fazer o bem para os outros é sempre bom. “A gente se põe no lugar da família que está precisando.”

O venezuelano Hernan Jose Varela Ruiz, 37, era doador no seu país. Veio para o Brasil há um ano para “melhorar as condições”. Diz que pretende seguir com esse gesto de caridade. “Aqui eu não iria deixar de fazer isso. Como quero melhorar a minha vida, também quero melhorar a de outras pessoas, ajudar.”

Kelly Cristina Dos Santos, 30 anos, enfermeira, revela que a dificuldade é encontrar o sangue ‘O’ positivo e faz apelo a quem tem esse tipo sanguíneo. “A gente só sabe o quanto precisa quando passa dificuldade. Quem tem saúde para doar, que venha, para ajudar quem não tem saúde, quem não está bem, em leito de hospital precisando. Quando se fala de doação de sangue, não está salvando só a vida da pessoa que está no leito, mas de toda família dela. Porque quando se tem familiar doente, não é só ele, é toda a família e as pessoas que o amam. As portas estão abertas a recebê-los.”




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