Setecidades Titulo Capítulo 1
Um exército na luta contra a Covid

A partir de hoje, série do Diário mostrará rotina do equipamento de saúde montado no Pedro Dell’Antonia, em Santo André

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
31/01/2021 | 00:01
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Iluminação forte, ambiente quente e um mix de sons entre máquinas de ventilação, respiradores e tosses. Isso é apenas parte do cenário do hospital de campanha montado no Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia, em Santo André, que até sexta-feira havia internado 5.281 pessoas contaminadas pela Covid.

A partir de hoje, o Diário dará início à série Um Dia de Cada Vez - Por Dentro do Hospital de Campanha, que por nove dias mostrará a rotina do local que, entre mortes e milagres, briga contra a pandemia desde abril de 2020, sem data para encerrar as atividades. O cinegrafista Yuri Souza vai registrar os detalhes para transformar a série em um documentário da DGABCTV.

O espaço é, de fato, um mundo à parte. Quem vê de fora, ou ouve falar, não faz ideia da dimensão do trabalho executado no covidário (local onde as pessoas contaminadas ficam internadas). A equipe do Diário permaneceu no hospital, na quinta-feira, presenciando momentos de correria, frio na barriga e intensidade, minuto a minuto. 

Basta chegar à porta de acesso à área de internados para sentir na pele que, naquele lugar, nada mais importa a não ser lutar pela vida. A energia é forte, mas de tristeza e incertezas. Os sons amargam sentimento de esperança, os acamados deixam nó na garganta e a sensação de incapacidade diante de vírus invisível. Quem passa, mesmo que poucos minutos no ambiente, esquece a vida do lado de fora.

O trabalho não tem descanso. Os funcionários circulam pelos 5.000 metros quadrados sem parar com objetivo de cuidar. Dos 190 leitos, 114 estavam ocupados na sexta. As alas C, D e E são as enfermarias, ou seja, onde há doentes de baixa complexidade. Já os setores A e B são semi-intensivas e UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) e, portanto, aonde estão os piores casos. 

O ambiente tenso reúne todos os tipos de pessoas que contraíram doença, que chegou silenciosa e fez estragos. O coronavírus já levou embora, somente dos que passaram pelo Dell’Antonia, 131 vidas. Mas também foram muitas vitórias na luta travada contra a Covid-19, pois 2.275 pessoas receberam alta na unidade e voltaram às famílias.

Para dar conta do trabalho, todos os dias são ofertados 153 quilos de alimentos e 400 refeições. São 13 mil metros cúbicos de oxigênio mensalmente, com média de 3.250 por semana. Fora isso, os faxineiros consomem 70 litros de produtos de limpeza por dia, enquanto mais de 120 sacos de lixo são retirados a cada 24 horas.

Ao todo, Santo André tem 400 enfermeiros e técnicos de enfermagem, 150 médicos, 150 profissionais entre fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, farmacêuticos, técnicos de farmácia, técnicos de raio X e biomédicos, e mais 100 funcionários administrativos, como limpeza, controladores de acesso, rouparia e copa, que somam 800 trabalhadores na equipe de retaguarda, sendo que metade atua no Dell’Antonia (os dados dos funcionários também englobam os que trabalham no hospital de campanha da Universidade Federal do ABC e na central de visita no Estádio Bruno Daniel). 

Os números, porém, são parte exata de batalha pela vida que a série vai mostrar, sem deixar de lado o amor e a dedicação deste exército que não mede esforços para vencer o pior inimigo que surgiu em 100 anos.




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