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Desemprego de jovens sobe 72% na região metropolitana de SP
Adriana Mompean
Do Diário do Grande ABC
01/05/2004 | 17:20
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O desemprego na população de 15 a 24 anos na RMSP (Região Metropolitana de São Paulo) cresceu 72,1% nos últimos 8 anos. Em 1995, o total de desempregados somava 498 mil jovens, número que saltou para 857 mil em 2003. O crescimento da desocupação foi maior na faixa etária de 18 a 24 anos, que quase dobrou, passando de 326 mil para 632 mil desempregados, ao passo que para os jovens de 15 a 17 anos o número, que era de 172 mil, saltou para 225 mil no mesmo período, com base em dados da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) do Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos).

Em termos porcentuais, o desemprego dos jovens na RMSP é superior à média da população. Em 2003, 51,8% dos jovens economicamente ativos de 15 a 17 anos estavam desempregados, número que era de 30,1% para os jovens de 18 a 24 anos. No mesmo ano, o desemprego geral apresentava taxa de 19,9%.

Um estudo do Projeto Juventude/Instituto de Cidadania, feito em parceria do Instituto de Hospitalidade e o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e divulgado na última semana, revelou que o desemprego atinge 40% dos jovens entre 15 e 24 anos, e que entre os trabalhadores jovens, 64% são informais, ou seja, trabalham sem respaldo na legislação trabalhista.

Entre as décadas de 80 e 90, a desocupação entre os jovens cresceu de forma expressiva no país, de acordo com pesquisa realizada pela Secretaria do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura do Município de São Paulo com base na PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio), do IBGE. Nos anos 80, de cada dez jovens entre 15 a 24 anos, oito estavam no mercado de trabalho e dois permaneciam na inatividade, ou seja, não trabalhavam nem procuravam emprego. Desse total, sete encontravam ocupação e apenas um permanecia desempregado. Nos anos 90, percebeu-se movimento inverso. De cada dez jovens em idade ativa, cinco encontravam-se no mercado de trabalho e destes apenas um estava ocupado. Os outros quatro estavam desempregados.

Segundo o estudo, em 2001, cerca de 3,7 milhões de jovens encontravam-se sem trabalho, representando 47% do total de desempregados no Brasil. “O país está há 25 anos sem crescimento econômico sustentável, o que acirrou o desemprego, bem como a competição no mercado de trabalho. Um chefe de família que precisa de emprego não pensa duas vezes em aceitar uma vaga que seria de um iniciante”, diz Marcio Pochmann, secretário do Trabalho de São Paulo, que revela que de cada duas pessoas desempregadas no país, uma tem menos de 25 anos.

A já conhecida constatação de que o empresário não dá emprego para o jovem por falta de experiência é o que desencadeia as altas taxas de desemprego entre os jovens, na visão de Paulo Eugênio Pereira Júnior, secretário-executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. “Temos uma grande massa de trabalhadores desempregados em diversas funções e atividades. A inserção do jovem se torna mais difícil, pois as empresas optam em contratar funcionários com experiência. Esta opção é economicamente mais viável do que perder tempo ao ensinar a função para um iniciante”, diz.

O drama do desemprego juvenil também é explicado pela deficiência da educação no país, que não prepara os jovens para enfrentar o mercado de trabalho. “Não existe mais o paternalismo que vivemos na década passada, pois hoje o poder econômico impera no mercado e as empresas querem os melhores”, afirma Mario Chekin, coordenador do Programa Primeiro Emprego em São Caetano e vice-presidente de uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) no município. “A educação é deficiente e iniciativas governamentais e da sociedade civil são bem-vindas para incentivar o aprimoramento técnico dos jovens, principalmente dos excluídos socialmente.”




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