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Os 153 anos da nossa estrada de ferro

O nascimento da ferrovia paulista numa narrativa não oficial feita por Adalberto Dias Almeida, pesquisador da história local e presidente do Instituto do Patrimônio do ABC

Por Ademir Medici
16/02/2020 | 00:01
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 Aos solavancos e apertos

Texto: Adalberto Dias Almeida

Dezesseis de Fevereiro de 1867. Entregue ao tráfego a primeira estrada de ferro do Estado de São Paulo, a quinta do Brasil, cruzando a Freguesia de São Bernardo, hoje Grande ABC. Obra da companhia inglesa San Paulo (Brasilian) Railway Co. A ferrovia, inaugurada há exatos 153 anos, era gigantesca, de última tecnologia, esperada e necessária.

Até a inauguração, inúmeros problemas foram enfrentados e vencidos:

A preparação e execução do traçado entre as matas exuberantes da Serra do Mar, com o desmatamento da floresta virgem.

Deslizamentos de aterros, desmoronamentos de barreiras, chuvas e enxurradas, calor tropical no dia e frio à noite.

Picadas de insetos e de bichos peçonhentos.

Alojamentos rudes e precaríssimos.

Falta de convívio social, isolamento total.

Arruaças. Brigas entre os homens de trabalho rude e escravos terceirizados.

Refeições precárias.

O enfrentamento da malária.

Desastres ocorridos durante a instalação da ferrovia como descarrilamentos, choques entre vagões de serviços, desengate dos cabos, tombamentos de vagões com perdas de órgãos e mortes – nunca assumidos oficialmente.

Perda de locomotiva e vagões, de trilhos, dormentes e acessórios durante uma tempestade.

Mediante tudo isso, a ferrovia surgia para o desenvolvimento e progresso paulistas.

Na inauguração da ferrovia, notava-se frieza nos semblantes dos ingleses. Eles carregavam o estigma da pouca sorte com os eventos ocorridos antes daquele momento.

Observou-se o embaraço do administrador geral, mister Albertini, ofertando ao presidente da província um presente em forma de carrinho e pá, todo em jacarandá, ricamente ornado em placas de prata – presente idêntico ao ofertado pelo barão de Mauá ao imperador Dom Pedro II, na inauguração da Estrada de Ferro Mauá (do Centro do Rio de Janeiro a Petrópolis naquele 30 de abril de 1854).

Nesta altura dos acontecimentos, Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá, já estava fora dos primeiros momentos gloriosos da futura ‘Santos a Jundiaí’.

ILUSTRAÇÃO

Setenta e dois anos depois da inauguração da Estrada de Ferro São Paulo Railway, a Inglesa, uma fotografia de ferroviários que viviam em Paranapiacaba e faziam parte da União Lira Serrano.

Na frente: André Cano, Henrique Martins, Sizefredo Almeida, João Batista Losso, José Augusto Gil, Alfredo Plenas, João Leme e José Madeira.

Ao centro: Adriano Augusto, Guilherme Pinheiro, Raul Seleze, Antonio Petransan, Horácio Coelho Silva, Júlio Moreira, Antonio Martinho Dias, Leonel Dias, Hermógenes dos Santos, Nunes, Amadeu M. Araujo, João Nicolau Abamonte, Júlio Augusto da Silva, Ary Muniz Ramos, Juventino Lopes da Silva e Adriano Alves da Silva.

Ao fundo: Elizeu Martines Alonso, Toni, (?), José Urtado Cano, Alberto Cervelini, (?), João Dias Carrasqueira, Elidio Fini, Domingos Bonomastro, Paulino Castelani, Joaquim Cerce, Tintori, (?).

Diário há 30 anos

Quinta-feira, 16 de fevereiro de 1990 – Ano 32, edição 7304

Manchete – Celso (Daniel, prefeito de Santo André) decreta intervenção em ônibus: Viação Alpina municipalizada

Movimento Sindical – Acaba a greve na Volkswagen, mas falta carro. Os 15 dias de paralisação impediram a fabricação de 11,4 mil veículos.

Cultura & Lazer – Fábio Junior faz sua quinta apresentação no Restaurante São Judas, na Rota do Frango com Polenta.

Focaliza o espetáculo Vida para uma plateia de 2.800 pessoas. O restaurante estava no auge, administrado por Albino Tadeu Demarchi.

Em 16 de fevereiro de...

1875 – Inaugurada a Escola Normal de São Paulo.

1880 – Um desmoronamento no primeiro plano inclinado da serra suspende o tráfego de trens. Chove muito.

1920 – O Brás se preparava para o Carnaval. Avenida Rangel Pestana ganhava iluminação especial. Quatro coretos eram construídos, um para a comissão julgadora entre os carros ornamentados para o corso e três para as bandas de música.

Na seção de automóveis da Casa Byington & Cia., à Rua Quinze de Novembro, estavam expostas as taças ‘Sudan’ oferecidas pelo empresário Sabbado D’Angelo para serem distribuídas como prédio no Carnaval.

1940 – Seleção argentina de futebol chega a São Paulo. Desembarca no aeroporto de Congonhas. Vai jogar com o Brasil em disputa da Taça Roca.

A II guerra. Do noticiário do Estadão: causa estranheza nos países não beligerantes a decisão do ‘Reich’ de torpedear indistintamente navios mercantes neutros.

1950 – Lei municipal número 541 oficializa o Hino de Santo André, com letra do professor José Amaral Wagner e música do professor Luiz Carlos da Fonseca e Castro.

1955 – Nasce Marcos Roberto Bonani: empresário, publicitário, jornalista. Um intelectual da comunicação. Todo idealismo em prol da sua Santo André e de entidades como a Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André).

1960 – Campanha eleitoral. Dom Jorge Marcos de Oliveira, bispo diocesano de Santo André, reúne-se na casa do deputado Herbert Levy com Leandro Maciel, candidato da UDN à vice-presidente da República.

1975 – Prefeito Geraldo Faria Rodrigues inicia despachos nos bairros de São Bernardo, o que se repetiria todos os domingos. Ele e o secretariado percorriam a cidade numa Kombi, dirigida pelo secretário de Governo, André Avelino Coelho.

Hoje

Dia Nacional do Repórter

Santos do Dia

Onésimo

Municípios Brasileiros

Celebram aniversários em 16 de fevereiro:

No Rio Grande do Sul, Agudo e Arvorezinha

Em Minas Gerais, Raposos

Em Sergipe, Santa Luzia do Itanhy

Fonte: IBGE




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