A sua força econômica já é superior a de países como o Chile. Descontando-se os 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo, o interior paulista é um "país" com PIB de US$ 135,9 bilhões no ano passado, segundo projeção feita pela consultoria MB Associados. O valor é 12% maior que o PIB chileno de US$ 121 bilhões (em 2006).
O Departamento de Ação Regional da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) traçou um perfil desse "país" chamado interior paulista, a pedido da coluna Contexto Paulista. E os números impressionam, mesmo para quem vive no Interior Paulista e sente o pulsar do crescimento econômico no Estado.
Em décadas anteriores, a Capital era o paradigma da economia paulista, a "locomotiva do País". A Região Metropolitana de São Paulo ainda é um gigante. O Grande ABC e Mogi das Cruzes, por exemplo, são duas áreas ativas nesse universo ainda em expansão. Mas o Interior será a região mais privilegiada nas tendências de expansão, segundo os analistas econômicos.

Atração
O interior paulista tem atraído cada vez mais empresas de outros estados e da própria Capital em busca de custos menores, espaço para crescer e um sistema logístico que favoreça o escoamento da produção sem os gargalos no trânsito e infra-estrutura da cidade de São Paulo. E mais: qualidade de vida aos seus funcionários e facilidades de logística para interligação com os mercados. Especialistas estão certos de que obras gigantescas como o recém-inaugurado Rodoanel, para facilitar a circulação ao redor da Capital, e o provável terceiro aeroporto metropolitano, são apenas paliativos para corrigir uma demanda que já existe. São Paulo, a Capital, saturou e não tem espaço para crescer. A saída é mesmo o Interior.

Crescimento
Fortalecido com essa espantosa migração de empresas nos últimos anos, e em especial neste ano de 2010 com a retomada do crescimento econômico, o interior paulista viu a sua participação no Produto Interno Bruto paulista crescer 3,7 pontos porcentuais no curto período de quatro anos. Hoje, já responde por 44% de todas as riquezas produzidas no Estado de São Paulo e 15% do PIB brasileiro. Informações do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que o Interior concentra 44% do empregos do Estado e 13% do País.
De janeiro a maio de 2010, o Interior de São Paulo gerou 356.172 novos postos de trabalho, correspondendo a 75 % de todos novos empregos do Estado, enquanto a capital gerou 119.306 no mesmo período. A indústria foi responsável por 42 % dos novos postos.

Mapa
Esses fatores tornam o mapa do Interior um polo de investimentos que tem atraído muitas empresas, especialmente no espaço produtivo formado por municípios das regiões de Campinas, Piracicaba, Americana, Limeira, Jundiaí, Araraquara, São José dos Campos e Sorocaba.
Além das regiões próximas à Grande São Paulo, outras regiões do interior paulista também são focos de investimentos como as regiões de Araraquara, Ourinhos, Bauru, Presidente Prudente, Franca, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Somente na região de Ribeirão Preto, segundo dados recentes da Fiesp, existem outras cidades com grande potencial econômico -- Sertãozinho, Jaboticabal, Bebedouro, Taquaritinga, Matão e Barretos se firmam como grandes cidades e já podem ser consideradas polos atrativos em comércio, cultura, empregos, tecnologia e geração de renda.

Aeroportos
O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, vai receber o terceiro maior investimento do governo federal em obras de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014. Serão R$ 742 milhões, contra R$ 1,2 bilhão destinado ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, o primeiro da lista, e R$ 748 milhões para o Aeroporto de Brasília, o segundo colocado.
O montante destinado a Campinas será cerca de 24% maior do que o total que havia sido previsto em junho pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que era de cerca de R$ 600 milhões. Bauru tem um aeroporto moderníssimo, com boa infra-estrutura. Outros aeroportos do Interior, como o de São José dos Campos, também irão se aparelhar com investimentos na capacidade.

Universidades
O interior de São Paulo é responsável por um quarto de toda produção científica nacional. Importantes instituições de ensino superior brasileiras asseguram a qualidade nesse importante segmento -- Unesp, Unicamp, USP, ITA e UFSCar, entre outras.